Os líderes da União Europeia (UE) alertaram o Governo britânico, este sábado, que os dois lados devem implementar o acordo do Brexit, numa reunião com o primeiro-ministro britânico à margem da cimeira do G7.
A presidente da Comissão Europeia e o Presidente do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen e Charles Michel, reuniram-se esta manhã com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em Carbis Bay, na Cornualha, no sudoeste de Inglaterra.
“O Acordo de Sexta-feira Santa e a paz na ilha da Irlanda são fundamentais. Negociámos um Protocolo que o preserva, assinado e ratificado pelo Reino Unido e UE. Queremos as melhores relações possíveis com o Reino Unido. Os dois lados devem implementar o que combinámos. Há total unidade da UE nesta questão”, escreveram von der Leyen e Michel no Twitter.
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Em causa estão divergências sobre a aplicação do acordo na Irlanda do Norte, onde o Reino Unido tomou medidas unilaterais para mitigar o impacto da introdução de controlos aduaneiros na circulação de algumas mercadorias, como produtos alimentares frescos.
Ao abrigo do acordo para a saída do Reino Unido da UE, a Irlanda do Norte manteve-se na prática no mercado único, pelo que os controlos alfandegários das mercadorias da Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales e Escócia) para evitar uma fronteira física com a vizinha Irlanda.
Uma fronteira aberta é uma das condições dos acordos de paz de 1998 que colocaram fim a décadas de violência sectária entre católicos, republicanos favoráveis à reunificação da ilha inteira, e protestantes, ‘unionistas’ que querem que o território permaneça sob a corona britânica.
Macron também insiste com Reino Unido
O primeiro-ministro britânico também se reuniu esta manhã com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, Emmanuel Macron. No decurso das conversações, o chefe de Estado gaulês disse estar disposto a “restabelecer” a relação com os britânicos, disseram fontes do Eliseu.
Contudo, lembrou Johnson que este novo começo ficará dependente “do respeito dos britânicos pela palavra dada aos europeus e pelo quadro definido pelos acordos de Brexit”, acrescentaram as fontes.
Paris e Londres partilham, segundo Macron, uma “visão comum” das grandes questões globais e também da política transatlântica, em particular sobre a necessidade de controlo do armamento.
Nas últimas horas, as declarações subiram de tom. O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab, instou a UE a não ser “teimosa” na implementação dos controlos aduaneiros entre a Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte, e garantiu, em declarações à BBC, que o seu Governo “não permitirá que a integridade do Reino Unido seja ameaçada”.
O Governo britânico quer alargar unilateralmente a isenção de controlos sobre produtos de carne processada, que expira a 30 de junho, algo que a UE se recusa a fazer sob ameaça de sanções que poderiam conduzir a uma guerra comercial.
A cimeira do G7 decorre na Cornualha, sudoeste de Inglaterra, entre sexta-feira e domingo, juntando presencialmente pela primeira vez em dois anos dirigentes dos países do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) e da União Europeia.
Sob a presidência rotativa do Reino Unido, para esta edição foram convidados o Secretário-geral da ONU, António Guterres, e os líderes da Austrália, África do Sul, Coréia do Sul e Índia, mas este último vai intervir por videoconferência.
ZAP // Lusa
Lá estão os Ingleses mais uma vez a roer a “corda”.