O secretário-geral do PCP acusou, esta sexta-feira, o Governo de “vender gato por lebre” com o seu plano de descentralização e de manter o poder local “num lugar menor na gestão dos fundos comunitários”.
Num comício em Grândola, com os candidatos às Câmaras Municipais do litoral alentejano, o líder comunista, Jerónimo de Sousa, sublinhou o papel do “poder local democrático” no “projeto” do partido e acusou ainda os socialistas de, “com a ativa cumplicidade de PSD e CDS”, dar “orientações para o enfraquecer e diminuir”.
“Não é sério falar de descentralização quando se mantêm as autarquias num lugar menor na gestão dos fundos comunitários, quando se consolida a centralização como método e critério crucial nessa gestão”, acusou Jerónimo de Sousa.
Antes, o líder dos comunistas criticou o PS, também, por “negar a regionalização”, apoiado em “simulacros como os da chamada democratização das CCDR” e por recusar “a reposição das freguesias extintas no período da troika”, impedindo que vão a votos nas eleições de 26 de setembro.
“Em nome de uma alegada transferência de competências, o que está em curso é um processo de desresponsabilização do Estado em diversas áreas, ainda por cima subfinanciadas, traduzindo, na realidade, uma transferência de encargos para os municípios e um ataque a direitos essenciais e de natureza universal que são funções sociais do Estado”, acusou.
Sem se deter, Jerónimo de Sousa considerou que “Portugal poderia ir mais longe nos apoios ao conjunto dos setores afetados” pela pandemia de covid-19, assim como “no apoio ao investimento, visando a melhoria dos serviços públicos e a dinamização da economia”.
“Se há os milhões, como dizem, e há, então que se coloquem ao serviço dos problemas dos trabalhadores e do povo e os integrem numa estratégia que assegure o desenvolvimento harmonioso e soberano do país. Que esse dinheiro sirva para garantir os investimentos que o Governo continua a adiar”, sugeriu o secretário-geral do PCP.
Entre os setores a apoiar pelo Governo, Jerónimo de Sousa apontou a “saúde”, assim como “segurança social”, a “educação”, bem como o combate às “causas dos graves fenómenos de desertificação demográfica”, com que o país se confronta.
As críticas de Jerónimo de Sousa foram feitas numa intervenção num comício em Grândola, de apoio aos candidatos da CDU às câmaras municipais da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral, nomeadamente Grândola, Alcácer do Sal, Santiago do Cacém, Sines e Odemira.
Nesse sentido, o líder do partido aproveitou, também, para responsabilizar o Governo por faltarem “100 enfermeiros e dezenas de médicos de família” em toda a Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano e pela “situação inacreditável” que se vive no Hospital do Litoral Alentejano, onde existe “apenas um urologista e um cardiologista para 100 mil habitantes”.
// Lusa