“Sou a líder parlamentar daqueles que votaram em mim”, diz Joacine Katar Moreira

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André Kosters / Lusa

A deputada independente Joacine Katar Moreira

A deputada independente Joacine Katar Moreira declarou que é a “líder parlamentar das pessoas que votaram” que nela votaram “e isso faz com que não tenha qualquer problema de representatividade”.

Questionada sobre quem representa, um ano depois de sair do Livre, partido pelo qual foi eleita em 2019, disse ao Diário de Notícias que é preciso procurar nas frechas das regras parlamentares formas de se fazer ouvir na Assembleia da República, devido ao “silenciamento” de quem não pertence aos partidos.

“Ganhei sobretudo alguma paz e com isso a possibilidade de fazer um melhor trabalho”, afirmou a deputada, que apontou as limitações aos deputados não inscritos – como nas intervenções em plenário e no agendamento de iniciativas – e uma “limitação clara da participação de quem se encontre fora de grupos parlamentares”.

“Não por má fé, quero acreditar, mas porque é a maneira como as coisas são e se quer que se mantenham”, indicou. “Fiz parte do Grupo de Trabalho da Despenalização da Morte Medicamente Assistida e quando todos os partidos faziam declaração de voto oral no plenário sobre a Lei, a Mesa avisou-me que não podia intervir por ser deputada não-inscrita”, contou, destacando ainda a “falta de verbas para assessoria e para o gabinete”.

Enquanto deputada única do Livre, tinha direito a uma subvenção anual de 117 845 euros, paga mensalmente em 9820 euros. Como não-inscrita, passou para os 57 044 euros anuais, ou seja, 4753 euros mensais.

Estas condições devem-se, na sua opinião, a uma “visão ultrapassada de se viver e de se fazer política, que restringe a iniciativa cidadã e os candidatos independentes, que silencia deputados não inscritos”, que “quer os partidos no comando e controlo da participação política” e que “procura a submissão das deputadas e deputados às estruturas partidárias”.

“Orgulho-me de ter trazido para a Assembleia da República a preocupação com os lares sem alvará ou ilegais e a atenção ao trabalho informal neste contexto, e luto agora para que o trabalho considerado essencial tenha um estatuto próprio”, referiu, sublinhando a luta contra a “pandemia da pobreza e da desigualdade”, a aprovação das Honras de Panteão a Aristides de Sousa Mendes e o trabalho “em prol da luta anti-racista”.

“Sinto-me muito satisfeita com o meu trabalho. Se temi pelo trabalho que podia concretizar, este ano foi para mim muito desafiante”, analisou.

Taísa Pagno //

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