Nordahl Lelandais, o cidadão francês formalmente acusado do homicídio da menina luso-descendente Maëlys, em França, no verão passado, atribuiu a morte a uma bofetada que lhe deu quando ela entrou em pânico dentro da viatura.
De acordo com a versão que Nordahl Lelandais, ex-militar de 35 anos, partilhou na sua audição pelos juízes de instrução a 19 de março, Maëlys, desaparecida durante uma festa de casamento no fim de agosto em Pont-de-Beauvoisin, no centro-leste de França, entrou no carro para ir ver os cães de Lelandais, segundo uma fonte próxima do inquérito.
Mas no caminho, a criança terá entrado em pânico e pedido para voltarem para trás, aos gritos. Lelandais terá “dado uma bofetada com as costas da mão, violenta, na cara” da menina, sentada à sua direita, no lugar do pendura, enquanto ele conduzia, relatou a mesma fonte.
Vendo a criança desmaiada, parou e tomou-lhe o pulso, constatando que já não respirava. Lelandais “depositou-a”, então, no barracão perto da casa dos seus pais, onde reside, em Domessin, “livrou-se dos seus calções manchados de sangue e regressou ao casamento”, acrescentou.
No início do inquérito ao desaparecimento da criança, de 9 anos, Lelandais afirmou que se tinha desfeito das suas roupas, nunca encontradas, porque estavam manchadas com vinho.
Mais tarde, na mesma noite, enquanto a família da criança começava a procurá-la, o homem disse ter voltado ao barracão para ir buscar o corpo e levá-lo para o local onde acabou por levar os investigadores, quase seis meses depois, a 14 de fevereiro, nos desfiladeiros íngremes do maciço de Chartreuse.
“Esta versão é credível, as investigações prosseguem”, declarou à agência de notícias francesa AFP uma outra fonte próxima do caso, sem se pronunciar sobre “se dar uma bofetada, ainda que forte, a uma criança pode matá-la”.
Quanto à fratura do maxilar superior identificada nos ossos da menina, “ela pode ter sido originada por uma pancada ou um impacto violento“.
Para a primeira fonte, Nordahl Lelandais “está a tentar argumentar que o ato de violência causou a morte sem intenção de o fazer“, “a mesma estratégia” que no caso da morte de Arthur Noyer, o jovem militar com quem o suspeito afirma ter lutado e ter-lhe dado uma pancada que provocou uma queda fatal, em abril de 2017.
ZAP // Lusa
Maëlys de Araújo
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