Jovem polaca diz que é Madeleine McCann

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Julia Faustyna é uma jovem polaca que acredita que pode ser Madeleine McCann. Para desfazer a dúvida, apela à ajuda de Kate e Gerry McCann e também à polícia do Reino Unido e da Polónia, para fazer um teste de ADN.

“Ajudem-me, preciso de falar com Kate e Gerry McCann”, escreve Julia na conta que criou no Instagram intitulada “I am Madeleine McCann” (“Eu sou Madeleine McCann” em Português). “Penso que posso ser a Madeleine. Preciso de um teste de ADN”, nota ainda.

Os “investigadores da polícia do Reino Unido e da Polónia tentam ignorar-me“, lamenta ainda, justificando, deste modo, por que é que conta a sua história no perfil do Instagram.

Antes de ter criado esta conta, bem como outra no Tik Tok, a jovem partilhou, a 13 de Fevereiro passado, uma publicação no grupo do Facebook “True Crime Room: Murdered, Missing & Mysteries” (algo como “Sala de Crimes Verdadeiros: Assassinados, Desaparecidos e Mistérios”).

Ela usou um perfil do Facebook onde aparece como Julia Faustyna, uma suposta residente em Breslávia, a quarta maior cidade da Polónia. Também se identifica como “cantora” e “compositora”, diz que toca piano e ukulele e que é “artista vocal” da Dark Nomad Music Management, uma alegada empresa sueca que se dedica a “ajudar artistas com as suas carreiras”.

Julia também diz que tem 21 anos. Ora, se Maddie estiver viva, terá 19 anos.

Teri Blythe / London Metropolitan Police / EPA

Simulação da aparência de Maddie McCann com 9 anos, em 2012.

Mas à parte este problema cronológico que não desmente necessariamente a sua tese, Julia apresenta na sua publicação vários argumentos que a levam a suspeitar que pode ser Maddie, a menina inglesa que desapareceu, no Algarve, em 2007, quando tinha 3 anos de idade.

Numa longa mensagem, a jovem conta que foi “vítima de um pedófilo alemão” que apelida de “Ney”. “Por uma estranha coincidência, um dos suspeitos no desaparecimento de Madeleine MacCann é Martin Ney”, nota, reforçando que são “ambos pedófilos” e “ambos da Alemanha”.

Mais à frente, alega que estes dois homens são pai e filho e que terão estado envolvidos no alegado rapto de Maddie.

Julia também nota que sabe que o pedófilo que a abusou esteve preso “por um curto período”. Além disso, refere que o seu pai lhe disse que abusou de outras crianças e que também lhe falou de “raptos”.

A jovem diz que o pedófilo que abusou dela continua a viver com a sua avó – será o seu segundo marido – na Polónia, e que alguns dos restantes elementos da família continuam a manter contacto com ele.

Também garante que, “aparentemente”, um estudante de medicina em Wroclaw, na Polónia, “testemunhou” que viu Maddie nesta cidade alguns dias depois do seu desaparecimento. “Acontece que vivi em Wroclaw toda a minha vida“, nota, frisando que só se mudou para outra cidade há cerca de um ano.

No perfil do Instagram “I am Madeleine McCann”, Julia partilha várias imagens que mostram as suas supostas marcas de nascença que serão semelhantes às da menina desaparecida.

A jovem faz referência, nomeadamente, à marca que Maddie tinha num olho e nota que tem “um defeito” semelhante. Mas, no seu caso, “desvaneceu-se mais e mais a cada ano”, realça, uma vez que a marca não é visível nesta altura.

Julia refere que falou com um médico que lhe disse que “este tipo de defeito era operável”. Acredita, assim, que foi alvo de alguma cirurgia, um cenário que nota ser bastante plausível quando “alguém rapta uma criança” que tem uma marca tão reconhecível.

“Lembro-me que via tartarugas na praia”

“Não estou a brincar, acredito mesmo que posso ser ela”, escreve Julia numa mensagem aos que define como “haters” (ou seja, “odiadores”). “Não recebi dinheiro de ninguém”, garante também.

A jovem polaca salienta que tentou falar com os investigadores da Operação Grange que se dedicam ao caso, “há alguns meses” e que lhe disseram que vão “encerrar a investigação brevemente”.

Além disso, relata que sofre de amnésia pós-traumática, stress pós-traumático e depressão, e que tem “uma personalidade instável” devido ao “trauma” que sofreu.

“No final de 2018, acabei numa ala psiquiátrica para crianças e adolescentes”, conta ainda. Nessa altura, começou a fazer terapia e a “analisar muito, a reflectir e a fazer muitas perguntas desconfortáveis à família”, acrescenta.

Julia frisa que não se lembra “da maioria da infância”, mas salienta que a sua “lembrança mais antiga é muito forte e é sobre férias num lugar quente, onde havia praia e edifícios brancos ou muito claros, com apartamentos”. “Lembro-me que via tartarugas na praia e outras crianças, e elas tentavam tocar nas tartarugas pequenas”, relata.

Apesar de não haver quaisquer provas, nem fundamentos que levem a crer que Julia é Maddie, as suas contas nas redes sociais têm atraído a atenção de centenas de pessoas. Se não conseguir o tal teste de ADN de que fala, a jovem conseguirá certamente uma boa fatia de seguidores.

Esta não é a primeira pessoa que aparece a alegar ser Madeleine McCann. Ao longo dos últimos anos, várias outras jovens já apresentaram argumentos semelhantes.

Susana Valente, ZAP //

4 Comments

  1. Uma investigação que tem gasto milhões de euros deveria estar aberta a todas as hipóteses novas e não se fixar em dados adquiridos . Pergunto, quanto custa um teste ADN comparado com “passeios” inconclusivos da SY ao Algarve.
    Das situações mais improváveis surge a luz.
    Quem aproveita da continuidade infrutífera desta investigação?

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