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Jovem em ascensão no Chega acusada de plagiar discurso da líder do Fratelli d’Italia

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Paulo Novais / EPA

Rita Matias, do Chega, com Matteo Salvini, no III congresso do partido

Rita Matias, dirigente nacional do Chega, terá plagiado um discurso de Giorgia Meloni, líder do partido de extrema-direita Fratelli d’Italia, durante a sua intervenção no III Congresso do Chega. A jovem em ascensão no partido fala num “juízo de valor” que “é ridículo e lamentável”.

Rita Matias fez um discurso no III Congresso do Chega no qual citou Sá Carneiro e falou dos problemas de emprego e de habitação dos jovens portugueses. Mas foi na segunda parte, quando falou de questões como a família, aborto ou ideologia de género, que a jovem terá metido os pés pelas mãos.

A dirigente do Chega é acusada de ter utilizado frases iguais ou muito semelhantes às que a italiana Giorgia Meloni, líder do partido de extrema-direita Fratelli d’Italia, tinha proferido no Congresso das Famílias, a 30 de março de 2019.

Segundo o Expresso, Rita Matias considerou que “a família é a célula base da sociedade” e que “parece que hoje em dia é um escândalo falar da família“, “a família natural fundada no matrimónio, que quer incentivar a natalidade, que queira dar um justo valor à vida humana, que queira ter a liberdade educativa, que diga NÃO à ideologia de género”.

Em 2019, Giorgia Meloni tinha dito: “Dizem que somos retrógrados, que somos loucos, que somos obscurantistas, que é um escândalo que haja alguém que queira defender a família natural fundada sobre o matrimónio, que queira incentivar a natalidade, que queira dar um valor apropriado à vida humana, que queira defender a liberdade educativa, que queria dizer ‘não’ à ideologia de género.”

No Congresso das Famílias, Meloni disse também: “penso que retrógrado seja quem tenta trazer de volta a censura a Itália”. No congresso do Chega, Matias preferiu dizer: “o que é absolutamente retrógrado é querer trazer de novo uma cultura de censura para Portugal. E dizem que os loucos somos nós?”

Já sobre o aborto, Giorgia Meloni referiu que “loucos são aqueles que sustêm práticas como as barrigas de aluguer, o aborto aos nove meses e a tentativa de bloquear o desenvolvimento de crianças de 11 anos através de medicamentos”.

Rita Matias também refutou a acusação de loucura. “Loucura é defender a banalização do assassinato de crianças no ventre materno. Loucura é bloquear com hormonas o desenvolvimento das crianças”, sublinhou.

No seu discurso, Meloni defendeu-se também daqueles que a acusam de querer “limitar a liberdade das mulheres”. “Dizem que as queremos em casa a aspirar. Estão a ver-me em casa a aspirar? Imaginem que eu, a única mulher secretária (geral) de um partido em Itália, que fui candidata a autarca de Roma quando estava grávida… podem achar que eu penso que as mulheres devem ser relegadas não se sabe bem para onde…?”.

Matias também recorreu ao registo autobiográfico para defender uma geração que dizem “a mais qualificada de sempre”, mas que não encontra forma de constituir família.

“Sempre que falo destas coisas dizem que quero limitar o lugar das mulheres, e que o que eu penso é que o lugar da mulher é na cozinha”, disse. “Estaria eu aqui se achasse que as mulheres devem estar relegadas a qualquer papel?”

Enquanto para Meloni, “o direito de uma mulher é ser mãe sem ter para isso de renunciar a um posto de trabalho“; para Rita Matias, o direito de uma mulher é, por exemplo, “ser mãe sem ter que renunciar à possibilidade de progressão na carreira”.

Em declarações ao semanário, a dirigente do Chega defendeu-se do “juízo de valor” que estava a ser feito a partir do vídeo a circular nas redes sociasi. “É ridículo e lamentável“, disse, “pois é bastante comum que partidos com matrizes idênticas defendam os mesmos valores”.

“Quem ouvir atentamente o meu discurso e o da Giorgia Meloni facilmente se apercebe que a minha intervenção é muito mais abrangente, em termos de temas, do que a da Presidente do Fratelli”, acrescentou, apesar de assumir que a líder do partido de extrema-direita Fratelli d’Italia é uma das suas referências políticas, sobretudo “no que toca à defesa do papel da mulher, da dignidade da vida humana e da família”.

ZAP //

5 Comments

  1. Só prova que nem têm pensamentos próprios. Mostram ideologia. Ao melhor estilo da cassete comuna que tanto criticam.

  2. Futuros políticos que querem ser, não conseguem exprimir o que pensam, ou não sabem o que devem falar, toca a copiar, muda uma palavra aqui outra acola, e tem discurso feito.. ou segue uma doutrina de outro, tivemos um caso assim no passado todos a falar por um livro, com ideias de um pensador, o nome do livro era Mein Kampf, a minha luta, de Adolfo Hitler.

  3. E… Se eu disser que a Assembleia da República é uma vergonha estou a plagiar o Ventura. No entanto não deixa de ser verdade.

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