Jornalista vencedora fez um esforço para cumprimentar o presidente da República. O puxar da mão de Marcelo decifrado.
A divergência entre Marcelo Rebelo de Sousa e Marta Vidal tornou-se evidente na sexta-feira, durante a cerimónia de entrega dos Prémios Gazeta 2023.
Uma das premiadas nesse evento no Grémio Literário, em Lisboa, foi Marta Vidal, que ficou com a Gazeta de Imprensa pela reportagem “A liberdade, lá em cima: os pássaros de Gaza”. que foi publicada no Expresso.
A jornalista criticou o presidente da República (que estava na cerimónia), o Governo e a Câmara Municipal de Lisboa (Carlos Moedas também estava na primeira fila) pela “cumplicidade” em relação à guerra em Gaza, numa “aniquilação de um povo e de um território” por parte de Israel.
“Este Governo, o presidente da República e a Câmara Municipal de Lisboa continuam em silêncio. Recusaram impor sanções a Israel, negaram o reconhecimento da Palestina e continuam a apoiar o Governo israelita enquanto este comete genocídio, apartheid e limpeza étnica. São cúmplices nesses crimes“, apontou Marta.
Comentem vocês! Eu não tenho estudos para isto. pic.twitter.com/xU9J2W9SR5
— Fernando Figueiredo (@FFigueiredoCor) January 5, 2025
Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que “é uma realidade que Portugal não reconheceu ainda o Estado da Palestina” e que “há uma tentativa de acordo na União Europeia em que há várias posições”.
E repetiu que Portugal defende a solução de dois povos, dois Estados – algo que foi recusado pelo Parlamento de Israel.
Não quero
No mesmo evento, Marcelo Rebelo de Sousa cumprimentou todos os jornalistas vencedores, quando entregava o prémio a cada um.
Ou tentou cumprimentar – Marta Vidal não aceitou os dois beijos habituais e afastou-se mesmo do presidente da República, como se vê no vídeo acima. Ficaram-se pelo aperto de mão, perante uma jornalista contrariada.
Num momento azedo, ao qual Marcelo não está habituado, o presidente da República fez o que já fez em muitos outros momentos: puxou o braço de Marta (e a própria Marta) ao cumprimentá-la.
Alexandre Monteiro, especialista em decifrar pessoas, diz que este foi um momento que mostrou “insegurança na liderança” por parte do presidente da República. Marcelo quis ser a pessoa “dominante” neste cumprimento.
Parabéns pela integridade e coragem, que a poucos privilegia.
Pessoas como Marta Vidal fazem-nos crer e manter a esperança em melhores dias, também no jornalismo.
Um exemplo de integridade, consciência e bravura no simples enfrentar – olhos nos olhos – aqueles que são demasiado cobardes e cúmplices (em diferentes graus) pelo genocídio a decorrer no médio oriente. Bravo Marta Vidal.