Joke Boon, a chef holandesa que não tem olfato nem paladar

Joke Boon / Facebook

Joke Boon, a escritora de livros de receitas que não tem olfato nem paladar

Joke Boon perdeu o paladar e o olfato quando ainda era criança, mas isso não a impediu de viver da culinária, área na qual estes requisitos são, à partida, essenciais. 

“Como seria a minha vida se perdesse o paladar ou o olfato?”. Esta é uma pergunta que provavelmente já pairou sobre a cabeça de muitas pessoas este ano, pois são dois dos sintomas provocados pela covid-19.

A anosmia – perda total ou parcial do olfato – é uma doença que afeta, atualmente, cerca de 5% da população mundial. De acordo com a cadeia televisiva CNN, Joke Boon é uma dessas pessoas.

A holandesa perdeu o olfato aos quatro anos, o que significa que também só consegue distinguir vagamente os cinco sabores básicos: doce, salgado, amargo, azedo e umami. Os médicos dizem que perdeu cerca de 94% da sua perceção de paladar.

Apesar desta situação, Boon não desistiu de trabalhar com aquela que é uma das suas grandes paixões: a culinária, área na qual estes dois requisitos são, à partida, essenciais. Como é que consegue? Segundo a estação televisiva, com a ajuda de um nervo facial.

O nervo trigémeo, que começa na orelha e se ramifica em direção aos olhos, nariz e maxilar, é responsável pela perceção sensorial facial. Compete-lhe proteger-nos do perigo, sendo estimulado por, por exemplo, o cheiro a fumo ou amoníaco. Mas certos ingredientes também podem detoná-lo.

“Sabe aquela sensação de quando se come demasiado wasabi de uma só vez? Uso muito este nervo para ‘provar’ a minha comida, brinco com ele. Posso sentir gengibre, menta, mostarda e pimenta desta forma. A pimenta e o gengibre são quentes e dão aquela sensação de formigueiro, enquanto a menta e o rábano criam uma sensação fria”, explica.

“A comida foi algo muito importante durante a minha infância. A minha mãe sobreviveu à fome holandesa (1944-1945), então, tudo girava à volta da comida. Mesmo não podendo sentir o gosto de nada, queria participar. Comecei a experimentar quando era estudante e a escrever as minhas receitas”, recorda Boon.

Para ajudar outras pessoas com este problema de saúde, em 2010, a holandesa começou a compilar as suas receitas. Esta coleção acabaria por tornar-se o seu primeiro livro de receitas. Agora, já escreveu cinco.

“Parece que havia um método subjacente à minha culinária, usando predominantemente cor, textura, temperatura, som e certos temperos. Os meus pratos são muito saborosos.”

“Não ser capaz de cheirar é desagradável”, admite Boon. “Mas é possível viver uma vida agradável se soubermos como”, conclui.

ZAP //

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