A terceira vaga da pandemia forçou o Governo a rever em baixa a previsão de crescimento da economia portuguesa para este ano. Assim, o ministro das Finanças antecipa um défice de 4,5% e crescimento de 4% este ano.
As metas foram reveladas esta quinta-feira num briefing realizado no Centro Cultural de Belém, antes de se conhecer o documento que será entregue na tarde desta quinta-feira à Comissão Europeia e na Assembleia da República.
João Leão antecipa um défice de 4,5% do PIB este ano. Em relação ao crescimento, há uma revisão em baixa: o PIB português deverá subir 4% e 4,9% no próximo.
De recordar que nas previsões inscritas no Orçamento do Estado para 2021, o Executivo estimava que a economia portuguesa crescesse 5,4% em 2021 e 3,4% em 2022.
O ministro das Finanças explicou que a revisão de duas décimas no défice deste ano se deve ao “efeito da terceira vaga da pandemia e às medidas de confinamento que obrigaram a aumentar muito os apoios” às famílias e às empresas.
O Governo prevê ainda que o défice atinja 2,2% em 2023; 1,6% em 2024; e 1,1% 2025.
Já a taxa de desemprego deverá situar-se nos 7,3% este ano, reduzindo depois nos anos seguintes para 6,7% em 2022, 6,4% em 2023, 6% em 2024, e 5,8% em 2025.
Leão revelou ainda que o Plano de Recuperação e Resiliência deverá ter um impacto de 22 mil milhões de euros na economia portuguesa ao longo dos próximos cinco anos, ajudando a manter o crescimento acima dos 2% até 2025.
O ministro destaca ainda o “conjunto robusto de investimentos do Governo” antes do PRR, exemplificando com a consignação das obras do Metro de Lisboa esta semana. O Executivo espera também “uma recuperação de outras variáveis como o consumo privado”.
O Governo conta ainda que a balança externa volte a ser positiva em 2021. E que a dívida pública atinja os níveis pré-pandemia, abaixo dos 120% do PIB, em 2024.
As novas previsões aproximam-se das perspetivas de várias instituições nacionais e internacionais, escreve o Observador.
O Banco de Portugal, acredita num crescimento de 3,9% para a economia portuguesa em 2021 e 5,2% em 2022.
Por sua vez, o Conselho das Finanças Públicas apontou recentemente que a economia deverá atrasar a retoma, com crescimento de 3,3% este ano e 4,9% no próximo. Antecipou ainda um défice de 4,1% em 2021 e 2,1% em 2022.
Já o Fundo Monetário Internacional acredita que o crescimento atinja os 3,9% este ano e os 4,8% no próximo.
“Sem receio de austeridade“
Durante o briefing, João Leão, afastou qualquer necessidade de aumentar os impostos ou implementar medidas de austeridade para sair da crise pandémica.
“Estamos em condições de enfrentar esta crise de forma muito diferente daquela com que o país enfrentou crises anteriores. Sem receio de austeridade, sem receio de ter de aumentar os impostos para pagar os efeitos da crise”, disse aos jornalistas à saída do conselho de ministros.
O governante espera uma “forte recuperação” da economia portuguesa graças ao “forte impulso” dos fundos europeus do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“O governo estará apostado no relançamento do investimento público e do investimento privado e não terá preocupação de implementar austeridade porque não tem essa necessidade”, conclui João Leão.