O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, assegurou estar “em condições de assumir todas as responsabilidades” que o partido lhe atribuir, dias depois de ter admitido que podia não se recandidatar ao cargo em 2020.
“Eu queria dizer que aquilo que disse já tinha dito muitas vezes. Aliás, em cada congresso, a questão estava colocada. Desta vez, há a originalidade de ainda não estarmos à beira de congresso”, disse Jerónimo de Sousa, em declarações aos jornalistas no final de um encontro com o Movimento Democrático das Mulheres, na sede do PCP, em Lisboa.
Numa entrevista à agência Lusa divulgada no sábado, o secretário-geral comunista admitiu não ser recandidato à liderança do partido no congresso de 2020 porque “é da lei da vida”, mas garantiu que não vai “calçar as pantufas” e continuará militante comunista, sendo a sua continuação no cargo uma decisão do coletivo partidário.
“Em primeiro lugar, para desiludir com certeza os mais apressados, queria dizer que estou em condições de assumir todas as responsabilidades que o meu partido me entenda atribuir”, afirmou.
Jerónimo de Sousa, que vai comemorar o seu 72.º aniversário em 13 de abril, completará década e meia como secretário-geral do PCP em novembro.
“Inevitavelmente – é da lei da vida -, acabarei por ter responsabilidades no partido diferentes, alteradas, embora com um sentimento: não vou calçar as pantufas, vou continuar como militante, como a pessoa que sou, a ajudar o meu partido, continuarei a ser comunista”, declarou, na entrevista à Lusa, escusando-se a “fazer previsões”, pois trata-se de “uma decisão que passa, em primeiro lugar”, pelos seus “camaradas”.
O histórico secretário-geral do PCP durante 31 anos (1961-1992), Álvaro Cunhal, foi sucedido pelo antecessor de Jerónimo de Sousa, Carlos Carvalhas, aos 79 anos.
“Eu vim para a política, como jovem sindicalista, com o ardor da juventude, para ser capaz de dar a minha contribuição, o melhor que sabia e podia. Procurando, com os meus camaradas mais velhos, apreender aquela grande lição de que a política é uma coisa nobre desde que seja para servir os interesses dos trabalhadores e do povo e não a nós próprios”, continuou.
O atual líder comunista prevê que, “em relação a 2020, a vida o dirá, mas” vinca ter a “consciência” de que esteve “sempre do lado certo”.
ZAP // Lusa