O secretário-geral comunista e o primeiro-ministro assinalaram o rancor e raiva no ex-presidente da República Cavaco Silva e na direita em geral, devido ao sucesso da atual solução política e de Governo, com acordos à esquerda.
“Foi gritante a declaração de ontem [quarta-feira] de Cavaco Silva quando diabolizou a redução do IVA da restauração, culpando-a dos males do Serviço Nacional de Saúde. É preciso ser muito rancoroso para voltar à carga com uma questão tão importante”, afirmou Jerónimo de Sousa, no debate parlamentar quinzenal com o chefe do executivo socialista.
Segundo o líder comunista, “o que os incomoda é não quererem admitir que é com o contributo do PCP que, de facto, houve redução dos impostos para quem trabalha, com mais justiça fiscal”.
“Não fosse a resistência do Governo em relação à consideração das nossas propostas de tributação sobre os grandes lucros, do património de valor elevado e dos grandes rendimentos e poderia haver mais justiça fiscal”, garantiu, depois de criticar o executivo de António Costa por encarar como “façanha” a redução do défice de 2018 para 0,5% do PIB, “cerca de mil milhões de euros” que faltam no investimento público em diversas áreas.
O primeiro-ministro também citou Cavaco Silva: “bem pode estar hoje furiosa a direita”.
“Tão furiosa que até o anterior Presidente da República [Cavaco Silva] sai do recato próprio a que os ex-presidentes da República se costumam dedicar, não hesitando sequer em polemizar, não com o Governo, mas com o atual Presidente da República [Rebelo de Sousa] só para conseguir exprimir a raiva que tem, que a direita tem, relativamente ao sucesso desta solução governativa”, disse Costa.
Para o chefe do Governo, “o melhor” a fazer, “para continuarem bem raivosos como merecem”, é continuar, “serenamente, a executar aquilo que está previsto fazer-se.
“Passo a passo, ir repondo rendimento aos portugueses, repondo a qualidade dos serviços públicos, passo a passo, aumentando o investimento público, aumentando a justiça fiscal, passo a passo, aumentando as contribuições sociais, combatendo as desigualdades. É esta a trajetória que temos de prosseguir, mantendo as contas certas”.
António Costa assegurou que “não foi o Governo que foi além, na procura de um défice mais baixo”. “Foi, felizmente, a economia que se portou melhor do que aquilo que tínhamos previsto e nos permitiu alcançar um resultado melhor. Aquele resultado foi alcançado sem termos falhado a qualquer dos compromissos que assumimos com os portugueses e parceiros parlamentares, designadamente com o PCP: Cumprimos tudo”.
Jerónimo, entre outros assuntos, referiu-se também à entrada em vigor dos novos passes intermodais por municípios e áreas metropolitanas, a preços reduzidos, criticando a postura, nomeadamente, do CDS-PP, que desvalorizou a medida, comportando-se como “a raposa” que não chegando às uvas diz que estão verdes. O líder comunista pediu mais transportes públicos e a extensão dos novos preços a todo o país.
António Costa declarou que está em curso a concretização dos custos mais baixos dos transportes coletivos ao resto do território português, classificando o sucedido como “a maior revolução que alguma vez aconteceu em Portugal nos últimos 45 anos nos transportes públicos”.
ZAP // Lusa