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“Dói respirar, dói dormir, dói mover, dói comer”. Jacob Blake fala publicamente pela primeira vez

(cv)

Foi a primeira vez que Jacob Blake falou publicamente desde que foi atingido. O afro-americano, atingido nas costas por sete tiros à queima-roupa por um polícia branco em Kenosha, Wisconsin, nos Estados Unidos, falou sobre a importância e o valor da vida num vídeo divulgado este domingo pela comunicação social.

“Há muito mais vida para se viver aqui”, declarou Blake, envergando uma bata do hospital onde ainda permanece após o incidente, ocorrido em 23 de agosto e que gerou violentos protestos na cidade de Kenosha.

“A tua vida, e não só a tua vida, as tuas pernas, algo que precisas para andar e seguir em frente na vida, podem ser-te tiradas assim”, lamentou o jovem, que sofre de paralisia na metade inferior do corpo e que destacou a sua afirmação com um estalar de dedos.

A gravação, com menos de um minuto de duração, foi divulgada no sábado à noite no Twitter pelo advogado da família de Blake, Ben Crump, e divulgada este domingo pelos media locais.

“Dói respirar, dói dormir, dói mover-me de um lado para o outro, dói comer”, disse Blake, contando o que está a enfrentar 24 horas por dia, vivendo com suturas cirúrgicas nas costas e no estômago. “Eu digo às pessoas para mudarem as suas vidas lá fora. Podemos ficar juntos, ganhar algum dinheiro, tornar tudo mais fácil para o nosso povo, porque muito tempo foi perdido”, sublinhou.

O jornal norte-americano The Washington Post escreveu que Blake apareceu pela primeira vez em público na sexta-feira numa audiência virtual no tribunal. A publicação indicou que o afro-americano, de 29 anos, é acusado de agressão sexual em terceiro grau, roubo e conduta desordeira. Durante a audiência, declarou-se inocente das acusações.

Um polícia disparou para as costas de Blake quando este abria a porta de um automóvel SUV, onde estavam os seus três filhos menores, cena que foi filmada pelas câmaras dos telemóveis de testemunhas.

Os vídeos mostram Blake a afastar-se dos polícias que estavam a apontar-lhe as armas. Quando se aproximou do SUV e abriu a porta do motorista, um dos polícias agarrou-o pela camisa e disparou a sua arma de serviço sete vezes.

O polícia que baleou Blake foi identificado como sendo Rusten Sheskey, que trabalha no departamento de polícia de Kenosha há sete anos.

O incidente causou protestos em Kenosha onde, no terceiro dia de manifestações, um adolescente de 17 anos foi detido por ter alegadamente matado dois manifestantes antirracismo. O jovem foi acusado de seis crimes, entre os quais homicídio imprudente de primeiro grau e homicídio intencional de primeiro grau.

ZAP // Lusa

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