Já não há incêndios: O terror agora é outro (nos mesmos locais)

José Coelho / Lusa

Oficina destruída pelos incêndios em Covelo, Gondomar

A chuva no melhor e no pior: Os locais atingidos pelos incêndios são mais propícios à existência de inundações e deslizamentos de terra, nos próximos dias. Os especialistas dizem que fogo e chuva é a pior combinação possível.

A chuva trouxe boas notícias, na manhã desta sexta-feira: Já não incêndios de grande dimensão ativos em Portugal.

O incêndio de Castro Daire (o último) foi dominado pelos bombeiro perto das 10h.

A chuva que chegou ajudou os bombeiros a apagar definitivamente os incêndios que lavravam em Portugal, desde o último fim-de-semana.

Mas… a mesma chuva que deu boas notícias, poderá também trazer o pior.

Estão previstos para as próximas horas e dias picos de precipitação que vão agravar ainda mais a estabilidade dos solos atingidos pelas chamas, ocorrendo o risco de cheias e deslizamentos de terra.

Na noite desta quinta-feira, na RTP3, o especialista em Ordenamento Florestal, Paulo Pimenta de Castro, explicou que as chuvas são importantes para acabar com os incêndios, mas de forma moderada. Caso contrário, poderão trazer novos fenómenos meteorológicos delicados.

“Convém que ela venha moderada, exatamente para conseguir acabar com os incêndios, mas não convém que venha intensa, exatamente pelo fenómeno associado aos deslizamentos”, disse o especialista.

“Neste momento, há uma desproteção dos solos, que o material vegetal ia consolidando e que, neste momento, não está consolidado. Algumas cheias e deslizamentos podem vir a acontecer, em zonas de maior declive“, alertou.

“É a pior combinação possível”

Em declarações à Antena 1, o ex-presidente do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) alertou que fogo e chuva é a pior combinação possível.

“A chuva vai trazer enormes problemas, porque é a pior combinação possível (…) Os picos de precipitação em território que ardeu vai erodir ainda mais o solo que existe sob o coberto vegetal”, explicou Jorge Miranda.

O especialista disse ainda que este cenário contribui para a fixação do carbono e compromete a segurança das pessoas e habitações: “Isto vai gerar situações de deslizamentos, que infelizmente vão piorar mais a situação”.

Miguel Esteves, ZAP //

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