A polícia italiana prendeu 334 pessoas, entre as quais alguns políticos e agentes da polícia, numa das maiores operações anti-mafia da história, anunciaram os promotores italianos na quinta-feira.
Segundo noticiou o Diário de Notícias (DN), citado a Reuters, a ação policial visou o grupo mafioso conhecido por ‘Ndrangheta’, localizado na região sul da Calábria, que ultrapassou a “Cosa Nostra”, da Sicília, como o grupo mafioso mais poderoso do país e um dos maiores gangues do mundo.
De acordo com a polícia, foram detidos centenas de suspeitos em buscas matinais por todo o país, mas também na Alemanha, na Suíça e na Bulgária. São acusados de conspiração mafiosa, assassinato, extorsão, agiotagem, fraude corporativa e lavagem de dinheiro.
“Políticos estavam envolvidos, assim como advogados, contabilistas, funcionários públicos e funcionários judiciais. Tudo pessoas que tinham empregos e não precisavam de colocar-se ao serviço da ‘Ndrangheta'”, disse o promotor Nicola Gratteri, que liderou a investigação.
E acrescentou: “Os mafiosos não estão em posição de realizar sofisticada lavagem de dinheiro. Para fazer isso, precisam de profissionais”.
Nicola Gratteri indicou que esta foi a maior operação de detenção de suspeitos de ligação à máfia em Itália desde uma massiva investida anti-máfia na Sicília, em 1984, que levou ao chamado julgamento máximo de Palermo, quando mais de 450 membros da “Cosa Nostra” foram julgados.
O julgamento de Palermo, continuou o DN, levou a que a influência daquele grupo tenha diminuído dramaticamente nas últimas três décadas, permitindo que a ‘Ndrangheta’ ganhasse destaque. Este último, formado por dezenas de clãs menores que respondem aos líderes seniores da Calábria, é agora o principal distribuidor de cocaína da Europa.
Entre os detidos está um ex-deputado do partido Forza Italia, de Silvio Berlusconi, o presidente de câmara de centro-esquerda de uma cidade costeira da Calábria e um alto funcionário dos Carabinieri (polícia italiana).
“Isto causou um duro golpe na Ndrangheta”, afirmou a ministra do Interior Luciana Lamorgese. Os investigadores referiram que, embora a ‘Ndrangheta’ esteja centrada na Calábria – das regiões mais pobres da Europa -, conseguiu infiltrar-se no norte rico do país.
Na semana passada, o presidente do Conselho regional do Vale de Aosta – região que faz fronteira com a França e a Suíça -, Antonio Fosson, renunciou depois de ser investigado por manipulação de votos com ligações à ‘Ndrangheta’ nas eleições locais de 2018. Apesar da demissão, negou a acusação.