Irão vende drones armados à Rússia. Turquia recebe nova ronda de negociações sobre cereais

O Irão se prepara para fornecer centenas de drones militares à Rússia e dar formação às suas tropas para usar aqueles engenhos na guerra da Ucrânia, avançaram na terça-feira conselheiro de Segurança Nacional norte-americano, Jake Sullivan.

Segundo o responsável, os Estados Unidos (EUA) têm informações de que a venda está a ser feita “de forma expedita” e que os militares russos poderão começar a receber formação já nos próximos dias. Sullivan considera que a aquisição destes drones confirma que as forças russas enfrentam problemas de falta de material.

Esses drones de fabrico iraniano, lembrou o Correio da Manhã, são usados pelos rebeldes houthis no conflito do Iémen e podem constituir um reforço significativo para as capacidades russas. Já a Ucrânia usa drones Bayraktar, de fabrico turco, e outros menores, fornecidos pelos aliados ocidentais.

Entretanto, as forças ucranianas disseram na terça-feira ter atingido um depósito de armas russo na região de Kherson, matando pelo menos 52 militares russos e destruindo grande quantidade de material bélico. O ataque terá sido levado a cabo com o sistema de artilharia móvel de grande alcance HIMARS, fornecido pelos EUA.

Já a Rússia alegou que o ataque atingiu uma zona residencial na localidade de Nova Kakhovka, matando pelo menos sete pessoas, noticiou o Guardian.

Turquia recebe nova ronda de negociações

Na terça-feira, pelo ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, anunciou que delegações militares da Turquia, da Rússia e da Ucrânia vão encontrar-se em Istambul nesta quarta-feira com representantes das Nações Unidas para discutir a exportação segura dos cereais ucranianos.

De acordo com a Aljazeera, a reunião foi também confirmada por Pyotr Ilyichev, um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo, e surge numa altura na qual se registam preços recordes dos alimentos e surgem alertas sobre um crise alimentar à escala global.

“As nossas condições compreensíveis incluem a possibilidade de controlar e revistar o navio, para evitar o contrabando de armas, e o compromisso de Kiev de não organizar provocações”, afirmou Ilyichev, indicando que a equipa das Nações Unidas vai atuar como “observadores” nas negociações.

No Twitter, o chefe do gabinete do Presidente da Ucrânia, Andriy Yermak, adiantou que a nova ronda de conversas na Turquia vai ser antecedida por um encontro entre representantes ucranianos e turcos, explicando que a reunião visa discutir a navegação através do Mar Negro.

Kyiv Independent relatou que, nas últimas 24 horas, 16 navios estrangeiros conseguiram entrar na Ucrânia através do canal Danúbio para auxiliar no transporte de cereais e mais de 90 aguardam a sua vez no canal de Sulina, na Roménia.

A chegada dos navios só foi possível graças à libertação, por parte do exército ucraniano, da Ilha da Serpente, perto deste canal do Mar Negro.

Rússia deve tomar várias localidades do Donbass

As forças armadas russas devem conseguir tomar várias localidades na região do Donbass nos próximos dias, segundo o relatório diário do Ministério da Defesa britânico. Entre as localidades que devem concentrar os esforços dos russos estão Siversk e Dolina, perto das cidades de Sloviansk e Kramatorsk.

O relatório do ministério também referiu que a Rússia tomou a iniciativa de criar “cidades-gémeas” (entre cidades russas e localidades ucranianas que estão sob o seu controlo) para facilitar a instalação de estruturas administrativas pós-conflito. Também neste contexto surgiu, nos últimos dias, o decreto do Kremlin que facilita a obtenção de cidadania russa por parte de ucranianos.

Donetsk inaugura “embaixada” em Moscovo

A região separatista de Donetsk, leste da Ucrânia, inaugurou na terça-feira uma “embaixada” em Moscovo, com representantes locais a denunciarem um agravamento da situação no terreno, onde os combates têm vindo a intensificar-se, noticiou a agência Lusa.

“Nos últimos dias, a situação agravou-se drasticamente”, declarou Natalia Nikanorova, identificada como ministra dos Negócios Estrangeiros da região, que afirmou não ter pressa na integração plena em território da Rússia. “O objetivo principal consiste em libertar a república”, referiu.

“De seguida, haverá um referendo em tempo oportuno e veremos qual é a vontade do povo”, prosseguiu, para precisar estarem “preparados” para alterar o estatuto da “embaixada” nessa eventualidade.

O Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência das duas regiões de Luhansk e Donetsk, que formam a bacia do Donbass (leste ucraniano), em fevereiro passado, três dias antes do início da invasão militar russa da Ucrânia.

Rússia sem coragem para admitir derrota

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, acusou a Rússia de não ter “um pingo de coragem” para admitir a derrota e retirar o seu exército do território ucraniano. “Eles já não têm força estratégica, carácter ou compreensão do que estão a fazer aqui na nossa terra”, afirmou o chefe de Estado no seu discurso diário habitual.

O líder ucraniano ridicularizou a dependência dos militares russos em armas antigas e táticas da era soviética, sem as quais não conseguem fazer nada.

Zelenskyy garantiu que, após 139 dias de guerra, “o chamado segundo exército do mundo tem medo dos ucranianos” e deixou um aviso: não terão segurança em nenhuma parte da Ucrânia. No entanto, adverte que há ainda um caminho difícil a percorrer para combater o “ataque terrorista” russo.

O destaque da mensagem foi para a decisão da Ucrânia se tornar um membro associado ao programa especial multilateral da NATO sobre interoperabilidade tecnológica. Para Zelenskyy, este é um sinal de que o país está não só a sobreviver, mas também a desenvolver-se e vai poder ajudar os seus parceiros a fazer o mesmo.

O dia ficou ainda marcado por um encontro com o ministro da Defesa polaco, Mariusz Błaszczak, para discutir a continuação do apoio à Ucrânia.

Lego deixa de vender na Rússia

A fabricante de brinquedos dinamarquesa Lego anunciou que vai interromper de forma definitiva as vendas na Rússia devido à guerra na Ucrânia, afetando 81 lojas que eram operadas por um distribuidor russo, noticiou a Lusa.

O grupo responsável pelos famosos tijolos de plásticos “decidiu cessar indefinidamente as suas atividades comerciais na Rússia” e “encerrar a sua parceria” com o distribuidor russo Inventive Retail Group, “que detinha e explorava 81 lojas em nome da marca”, disse à agência de notícias AFP uma porta-voz.

A multinacional também vai cortar os postos de trabalho da “maior parte da sua equipa sediada em Moscovo”, indicou.

Myanmar e Rússia em acordo para energia nuclear

A junta militar de Myanmar e a agência estatal russa de energia nuclear (Rosatom) assinaram um acordo para cooperar na criação da energia nuclear “para fins pacíficos”, noticiou a imprensa oficial birmanesa, citada pela Lusa.

O líder dos militares, o general Min Aung Hlaing, autoproclamado primeiro-ministro após o golpe de Estado de 01 de fevereiro de 2021 em Myanmar (antiga Birmânia), iniciou uma visita à Rússia no domingo, a sua segunda viagem conhecida ao estrangeiro desde que tomou o poder.

O militar birmanês, numa viagem que não tinha sido anunciada pelos meios de comunicação oficiais, assinou o acordo com o diretor-geral da Rosatom, Alexey Likhachev, segundo o The Global New Light of Myanmar, controlado pelos militares desde o golpe de Estado.

Segundo o jornal pró-governo, os dois homens discutiram os benefícios “no campo da cooperação tecnológica em energia atómica” para vários setores, como a alimentação e a indústria, “através da utilização pacífica da energia nuclear”.

Taísa Pagno , ZAP //

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