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Inferno de chamas no Funchal já fez três mortos

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Gregório Cunha / EPA

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Cerca de mil pessoas foram retiradas das suas casas, um centro de comercial e um hotel de cinco estrelas foram destruídos pelas chamas. Há pelo menos três mortos confirmados e uma pessoa desaparecida.

A Madeira viveu esta terça-feira um dos dias mais difíceis dos últimos tempos. O incêndio começou a lavrar na passada segunda-feira na zona alta do Funchal, em São Roque.

Entretanto, face às altas temperaturas e aos ventos fortes, as chamas alastraram-se para outros pontos da ilha e chegaram mesmo ao centro histórico da cidade.

O Governo Regional já confirmou a morte de três pessoas, acrescentando ainda que uma outra está desaparecida.

Mil pessoas foram deslocadas das suas casas e sabe-se que as chamas já destruíram várias casas, lares de idosos, o hotel de cinco estrelas Choupana Hills e um centro comercial.

O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, lamentou os três mortos registados, “três idosas de Santa Luzia” e informou que, no total, “327 pessoas entraram nas urgências”, sendo que “247 delas já tiveram alta e 80 estão internadas para observação com queimaduras e/ou intoxicadas pelos fumos”.

O governante revelou que as previsões do tempo para o dia de hoje são favoráveis ao “controlo e extinção dos incêndios, com a diminuição da temperatura e da força do vento”.

Cerca de 135 efetivos, 115 oriundos de Lisboa e outros 20 Açores, foram enviados para a Madeira para reforçar as equipas no combate aos incêndios.

Segundo o Diário de Notícias, António Costa, interrompeu ontem as suas férias para acompanhar a situação dos incêndios mais de perto, num encontro com o Comando operacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil.

O chefe do Executivo adiantou que o Governo já fez um pré-alerta de acionamento dos mecanismos europeus e do acordo bilateral com a Federação Russa, “caso até ao dia 15” a situação não esteja controlada.

Costa anunciou que vai ser feita uma reforma sobre a atuação nas florestas portuguesas, uma vez que “os incêndios evitam-se reestruturando a floresta”, cita o DN.

O primeiro-ministro segue amanhã para a Madeira, enquanto que o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa deve chegar ainda hoje ao arquipélago.

Vento forte reativou fogos em Aveiro e Viana

Em declarações à Lusa, o adjunto de operações da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), Carlos Guerra, adiantou que os distritos de Aveiro, Viana, Braga e Porto são hoje de manhã os distritos que mais preocupam os bombeiros, em Portugal continental, com incêndios de grandes dimensões como os de Águeda, Arouca e Vila Nova de Cerveira, que sofreram alguns reacendimentos devido ao vento.

“Durante a noite, tal como prevíamos o vento estava muito forte, o que tornou muito difícil as ações de consolidação e rescaldo em alguns incêndios tendo mesmo reativado muitos deles. (…) Os fogos em Águeda e Arouca por exemplo reativaram com alguma intensidade”, disse.

Segundo Carlos Guerra, os incêndios de Arouca e Águeda, nos distritos de Aveiro, bem como o de Vila Nova de Cerveira, em Viana do Castelo, estão incontroláveis e obrigaram durante a noite à retirada de pessoas de várias aldeias.

“Os operacionais tiveram mesmo de deixar de combater os incêndios em florestas para ajudar na defesa de habitações. Foi o que aconteceu em Viana do Castelo, Arouca e Águeda, mas também tivemos situações mais complicadas em Arcos de Valdevez e Vila Nova de Cerveira”, contou.

Segundo o adjunto operacional da ANPC, a estratégia adotada pelos comandantes no terreno passa por defender primeiro as aldeias, as pessoas, as habitações.

“Houve algumas habitações nas aldeias periféricas onde tivemos de retirar pessoas das casas, mas não ardeu nenhuma habitação. O pior evitou-se“, sublinhou.

No que diz respeito a vítimas, Carlos Guerra adiantou que algumas pessoas foram hospitalizadas, mas devido a intoxicações e por exaustão sem gravidade. O adjunto operacional disse que o dia de hoje deverá ser difícil devido ao vento forte de leste.

“Ontem [terça-feira] contámos com a ajuda de um helicóptero espanhol e reforçamos o pedido de ajuda para hoje. Estamos à espera que Espanha nos diga hoje de manhã se pode enviar aviões. Espanha disse-nos que podia disponibilizar apenas meios aéreos porque também está a braços com incêndios florestais”, disse.

O estado de alerta laranja vai estar em vigor em todo o país até dia 20 de agosto.

BE pede reunião urgente com Governo

Os responsáveis do BE vão propor esta quarta-feira a marcação urgente de uma reunião da comissão permanente da Assembleia da República sobre o problema dos incêndios em todo o país, na conferência de líderes, anunciam os bloquistas em comunicado.

“Levaremos à conferência de líderes, que reúne esta tarde, a proposta de marcação urgente de uma reunião da comissão permanente para que possa ser discutido, juntamente com o Governo, o combate aos incêndios e o acionamento de planos de reconstrução para as áreas ardidas e de programas de apoio a todas as populações afetadas, especialmente as que perderam as suas habitações”, lê-se no texto.

Para o BE, “é particularmente preocupante a situação que se vive na Madeira e no Funchal, onde o fogo atingiu áreas urbanas, incluindo o centro histórico” e o partido “apoia a mobilização de todos os meios necessários, nacionais e internacionais, para combater o incêndio no Funchal”.

O PCP anunciara na véspera ir dar prioridade à questão dos incêndios na conferência de líderes desta tarde, pelas 18h00, em detrimento do pedido do CDS para ouvir o Governo sobre viagens de secretários de Estado oferecidas pela Galp.

Cáritas lança campanha para ajudar madeirenses

A Cáritas Portuguesa lançou esta noite uma campanha de angariação de fundos para ajudar a população afetada pelos incêndios da Madeira, tendo aberto uma conta bancária para quem quiser contribuir, adiantou à Lusa o presidente da organização.

Eugénio Fonseca, em comunicado enviado para a agência, lamenta os incêndios que têm deflagrado nos últimos dias no norte do país e, em especial, na Madeira.

“Nesta hora de aflição para os nossos compatriotas no norte do país e em especial na cidade do Funchal, na Ilha da Madeira, a Cáritas, em resposta às dezenas de pessoas que a têm contactado, abriu uma conta solidária com o nome ‘Cáritas ajuda a Madeira’ – 0035 0697 0059 7240130 28, da CGD -, para agilizar o apoio de emergência necessário para as populações mais atingidas”, anuncia o presidente da instituição.

ZAP / Lusa / Move

8 Comments

  1. Incêndio da Madeira.
    Aquele tosco de presidente, diz que não é calamidade, inacreditável. De certeza que a casa dele e a família, estão bem seguros. Que triste comentário de um estúpido político. Até parece a comentar um jogo de futebol . Que tristeza.
    Solução:
    Se quando do primeiro fogo posto, pelo menos de um dos culpados, o mandassem para dentro de uma fogueira, para ver como é.
    Já não existia tanta desgraça, como é possível, não mandarem para dentro de uma fogueira os incendiários que se prove atearam fogos !!!!!!
    Realmente o mundo está perdido e só está bom para esta gente que não presta e destrói o pouco que já temos.
    Só acabam com os fogos e com esta desgraça, quando mandarem lá para dentro os culpados. Não tenham dúvida. Mas como já não há homens com tomates, ´é só merda e irresponsáveis a governar o povo, estúpido e parvo, que nada faz, e nos vão comendo tudo a pouco e pouco, é esta a realidade que vivemos.

    • Não se pode falar (ou sequer pensar) assim, caro condidadão… É proibido. E candidata-se a 25 anos, enquanto os incendiários recebem um “vamos lá a portar-se bem, sim—? Bá lá pra casa e não volte a fazer isso que eu não gosto…”
      Só para equilibrar um pouco as coisas vamos Atualizar o Marcador:

      Zero (0) – para incendiários ; 3 (ou 4?) para os cidadãos.
      Falo de mortos, é claro….

  2. Obrigado a todos os que ajudam a controlar os incêndios na Madeira e em Portugal Continental.
    Por favor não digam disparates, porque todas as forças de segurança, bombeiros, etc., fizeram e fazem os possíveis e impossíveis para controlar as chamas e deixar as pessoas e bens protegidas.
    Segundo sei, o pior inimigo dos incêndios do Funchal foram os ventos e a imprevisibilidade constante da mudança de sentido dos mesmos.
    Mesmo ao mais culto dos homens é muito dificil prever, a todo o tempo, todos os elementos da natureza.
    Muito obrigado aos bombeiros. Ochalá não precisassem de trabalhar.

    • Continuo fascinado com a política da mordaça. Dir-se-ia o salazarismo: sempre que alguém (neste caso um conhecedor da matéria) diz claramente que é acima de tudo um caso de terrorismo organizado, aparece um(a) tipo(a) da tv a falar por cima ou a cortar a emissão. É preciso que o povo não saiba, não tenha a certeza, não consciencialize o que é por demais claro: COMO É QUE PODERIA NÃO SER!!!?
      Bom,. A seguir pergunta-se “porque é que não se pode saber???” Porque é que isso seria um problema para os sucessivos governantes?? Porquê a censura?! Não existe sequer alternativa: – ISTO TEM ESCALA INDUSTRIAL!!!

      • Caro Sr. XPTO,
        Para sua informação, no tempo do Salazar não havia tantos incêndios em Portugal. Mas a justificação não lhe darei.
        Ninguém está adefender os incendiários, muito antes pelo contrário.
        Trata-se de agradecer a todos os homens e mulheres, quer seja bombeiros, quer seja protecção civil, quer seja até governantes, que eventualmente colocam as suas vidas em perigo, para defender a dos outros. E que não têm uma varinha de condão para prever a evolução das condições propicias ao desenvolvimento de fogos florestais ou urbanos, como aconteceu no Funchal e como aconteceu em todo o País.

        • Salazar e quantidade de incêncios é uma relação da sua autoria. Da minha é a relação com a mordaça. Acabo de ver na sic notícias a mordaça a cair. Bem hajam! Agradecer aos apagadores toda a gente agradece (menos uns quantos, resta identificar até onde isso vai, mas parece que a Judite(ciárica) entope em certo patamar).
          Pela conversa televisiva (mais uma vez – bem-hajam), suspeito que o epicentro da ineficácia fica ali para os lados da morada dos políticos activos. Quis-se gastar este mundo e o outro no sistema de ataque maior de sempre e, voilá, acabou-se o orgulho, está a ficar não tarda de joelhos. Assim, para o ano TEM DE SER MAIOR… Quem são os amiguinhos que agradecem?

  3. Claro que é Obrigada, mas não podemos deixar de pensar que aos anos que se fala em prevenção e nada se faz deixando andar situações que não deviam sequer de existir, poderia dizer aqui algumas mas este não é o momento.
    Apenas digo que quando se falou de prevenção neste Pais se alguma coisa fosse feita de certeza hoje em dia não teríamos de estar a falar destas desgraças.

  4. Parece que estamos todos aparvalhados !!!!!!!!!
    Culpados !!!!!!!!!!!!!! O vento ??? A Chuva ??? O Sol ???
    Por amor de Deus os culpados são :
    Quem ateia os fogos, os incendiários, e quem lhes paga para o fazer, esses são os culpados. Todos nós sabemos que alguns fogos são premeditados por interesses políticos e outros financeiros .
    Vamos deixar de ser anjinhos.
    O fogo da Madeira, se tivessem castigado quem já tinha anteriormente ateado dois.
    Já não existia, pelo menos este fogo horroroso.
    Arranjarem desculpas, quando o culpado ou culpados estão à vista.
    Lareira com eles, e mais nada.

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