O Infarmed autorizou a empresa Crioestaminal a produzir uma terapia celular experimental, a partir de células estaminais do cordão umbilical, que pode ser usada para tratar os doentes mais graves de covid-19.
O Infarmed autorizou o uso de uma terapia que recorre a células estaminais do cordão umbilical para reduzir a inflamação nos casos mais graves de covid-19.
Segundo o Público, o fármaco tem caráter experimental e não pode ser comercializado, mas já pode ser utilizado nos hospitais que o solicitem.
“É uma terapia que usa as células mesenquimais, também chamadas MSC, e os resultados foram bastante encorajadores”, referiu Francisco Santos, diretor de terapias celulares da empresa Crioestaminal.
“Quando são injetadas no nosso organismo, as células mesenquimais fazem baixar a hiperinflamação porque reagem àquele ambiente através da produção de proteínas, de interações diretas com células do sistema imunitário”, explicou.
Através da utilização deste tratamento no contexto da covid-19, “verificou-se que estas células conseguiam reverter os cenários de hiperinflamação e bastantes doentes recuperaram”.
“Já há uma extensa lista de publicações científicas sobre isto e ao longo de 2020 as mesenquimais acabaram por entrar em ensaios clínicos em vários países da Europa e nos Estados Unidos”, acrescentou o responsável.
O diário detalha que as células estaminais que têm dado melhor resultado são do cordão umbilical. “Para além do sangue do cordão umbilical, nós criopreservamos [conservam congelado] o próprio tecido, o cordão, e à volta desse tecido existe uma camada, uma geleia, que é bastante rica nestas células”, explicou Francisco Santos.
“No início da pandemia não havia muita resposta para os doentes mais graves, que normalmente são tratados com esteróides, para baixar a inflamação”, disse Francisco Santos, adiantando que, em muitos casos, os esteróides não chegam.
O tratamento não é patenteável dado que, tratando-se de células humanas, não é possível patentear na Europa. “Nós não as alteramos de maneira nenhuma”, esclareceu o diretor de terapias celulares da empresa.
“Até podia ser que manipulássemos as células geneticamente, mas não é isso que acontece. Não é matéria patenteável.”
Uma outra vantagem do tratamento é o facto de não ter de existir compatibilidade biológica entre as células e o doente recetor. “Por exemplo, quando há uma transplantação tem de haver essa compatibilidade. Neste caso não. Estas células são hipoimunogénicas, não desencadeiam uma reação imunitária no recetor.”
O benefício imediato é que “a pessoa não tem de ficar à espera que o medicamento seja produzido”. “Até pode ser equiparado a tomar um comprimido, porque o tratamento está disponível criopreservado, pronto a ser administrado”, detalhou o responsável.
Para já, trata-se de um medicamento ainda experimental, cujo nome provisório é SLCTmsc02. A Crioestaminal está a preparar um ensaio clínico da terapia de células mesenquimais em Portugal, para o próximo ano.
Coronavírus / Covid-19
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