Incrivelmente, os abelhões conseguem sobreviver debaixo de água durante uma semana

Uma investigadora canadiana descobriu “por acidente” que os abelhões conseguem sobreviver até 7 dias submersos.  Ninguém sabia que isto era possível.

Surpreendentemente, os abelhões conseguem sobreviver durante vários dias debaixo de água, de acordo com um estudo publicado esta quarta-feira na Biology Letters.

A descoberta sugere que os abelhões podem resistir ao aumento das inundações provocadas pelas alterações climáticas que ameaçam as suas tocas de hibernação no inverno.

“A sobrevivência destes polinizadores, que são cruciais para os ecossistemas, é encorajadora, numa altura em que há uma preocupante tendência global de declínio das suas populações”, disse à agência AFP a autora principal do estudo, Sabrina Rondeau.

Os abelhões, ou abelhas-zangão, são um grupo de grandes abelhas peludas, geralmente mais robustas e maiores que suas primas, as abelhas melíferas comuns.  Pertencem ao género Bombus e são famosas pelo seu voo ruidoso e pela capacidade de polinização.

Capazes de voar em condições mais frias e instáveis do que outras abelhas, em parte devido à sua capacidade de gerar calor corporal, têm um papel crucial nos ecossistemas naturais e agrícolas, ajudando na polinização de muitas plantas e culturas.

“O aumento da frequência de inundações extremas em regiões de todo o mundo,  representa um desafio imprevisível para as espécies que vivem no solo, particularmente as abelhas que nidificam ou passam o inverno no subsolo”, afirmou Nigel Raine, investigador sénior da Universidade de Guelph e co-autor do estudo, em comunicado citado pelo Science Alert.

Sabrina Rondeau descobriu pela primeira vez que as abelhas rainhas podiam resistir ao afogamento por acidente. “Estava a estudar o efeito dos resíduos de pesticidas no solo sobre as abelhas rainhas que se enterram no subsolo durante o inverno, quando a água entrou acidentalmente nos tubos que alojavam algumas das abelhas”, conta a investigadora.

Assustei-me“, diz Rondeau, que estava a realizar a experiência no âmbito do seu doutoramento. “Eram apenas algumas… por isso não foi nada de especial, mas não queria perder aquelas abelhas”.

Para seu “choque”, conta Sabrina Rondeau, os abelhões sobreviveram. “Há muito tempo que estudo os abelhões. Falei sobre o assunto com muitas pessoas e ninguém sabia que isto era possível“, disse.

A investigadora realizou então uma experiência para compreender melhor o que aconteceu: colocou 143 abelhas rainhas em tubos — alguns sem água, como grupo de comparação, outros a flutuar na água e outras totalmente submersos, durante um período que variou entre oito horas e sete dias.

Incrivelmente, 81% das rainhas em hibernação que foram submersas não só sobreviveram sete dias, como, uma vez regressadas a condições secas, permaneceram vivas durante mais oito semanas.

Sabrina Rondeau

A autora principal do estudo, Sabrina Rondeau, ficou “chocada” com a sua descoberta acidental

O impacto a longo prazo na saúde das abelhas e os efeitos que pode ter numa colónia ainda carece de mais investigação, ressalva Rondeau.

As abelhas comuns usadas no estudo são autóctones da América do Norte e são particularmente resistentes, não apresentando o mesmo grau de declínio populacional que outras espécies de abelhas, explica a investigadora.

“Por isso, também nos perguntamos se esta resistência às inundações pode ser parte da razão pela qual se estão a sair tão bem“, conclui Rondeau.

ZAP //

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