Uma investigação apurou uma “trama imobiliária” que envolve dois imóveis que andaram de mão em mão entre as famílias do ex-banqueiro João Rendeiro e do motorista, Florêncio Almeida, que é filho do presidente da ANTRAL, a Associação Nacional dos Taxistas.
Está em causa um apartamento comprado pelo motorista de Rendeiro e depois cedido à mulher do ex-banqueiro, na Quinta Patino, em Cascais, e um outro imóvel em Campo de Ourique, em Lisboa.
O apartamento da Quinta Patino foi adquirido pelo motorista sete dias depois de ter vendido a habitação de Campo de Ourique que, por seu turno, tinha sido vendida por Rendeiro ao pai do seu funcionário.
Uma verdadeira “trama imobiliária”, como analisa o Observador, e que foi exposta no programa da RTP “Sexta às 9”.
O pai do motorista de Rendeiro é o actual presidente da ANTRAL, também com o nome de Florêncio Almeida. O líder da ANTRAL e Rendeiro são amigos há 20 anos, como apurou o “Sexta às 9”.
Em Janeiro de 2015, o Florêncio Almeida pai comprou a Rendeiro a casa de Campo de Ourique por 503.500 euros, um valor “três vezes abaixo” do valor de mercado, segundo a investigação da RTP.
Três anos depois, em 2018, o pai doou uma parte do edifício ao filho que foi motorista de Rendeiro até 2008.
Em 2020, portanto, dois anos depois, o Florêncio Almeida filho vendeu o mesmo imóvel à empresa Turtle Quotidian por 1 milhão e 470 mil euros. Passados sete dias, adquiriu o apartamento na Quinta Patino por cerca de 1 milhão de euros.
Ainda nesse ano, em Dezembro, o ex-motorista de Rendeiro cedeu o usufruto do imóvel por 15 anos à mulher do ex-banqueiro, Maria de Jesus Rendeiro. Como contrapartida, recebeu cerca de 200 mil euros.
Numa nota enviada à RTP, o Florêncio Almeida pai explica a doação do imóvel com a “impossibilidade de levar por diante o empreendimento pretendido, por recusa da licença a conceder” pela Câmara Municipal de Lisboa.
Além disso, o presidente da ANTRAL assegura ainda que foi “tudo feito na completa legalidade e cumprimento rigoroso de todas as obrigações fiscais”.
Rendeiro e a mulher recebem 4 mil euros de reforma
O ex-banqueiro continua fugido à justiça, para não cumprir a pena de prisão no âmbito da condenação na justiça nos processos envolvendo o Banco Privado Português (BPP).
Entretanto, há credores que esperam receber milhões de euros de pagamentos, nomeadamente de multas.
E um relatório da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais aponta que Rendeiro e a mulher continuam a manter o “padrão económico elevado” dos últimos anos, como cita o Público.
Este relatório de 8 de Outubro de 2020 indica ainda que, no total dos dois, Rendeiro e a mulher têm reformas de quatro mil euros.
Apesar disso, há credores sem receber milhões em dívida. O Tribunal da Concorrência de Santarém, por exemplo, tenta, desde 2016, cobrar ao ex-banqueiro 2,5 milhões de euros em multas.
O relatório não refere que Rendeiro tenha outros rendimentos, nem explica como mantém o “padrão económico elevado”. A técnica que o redigiu refere que o ex-banqueiro “não se mostrou disponível para alargar as fontes de informação”, como cita o Público.
O Estado arrestou vários bens a Rendeiro, incluindo obras de arte, imóveis e 1,5 milhões de euros em dinheiro e activos bancários.
Claro que advogados e consultores de certeza que não têm nada a ver com isto…
Os portugueses já pagaram para a banca 21 mil milhões de euros.
Para o cancro do novo banco que devia logo ter sido nacionalizado já pagámos quantias que nem ao diabo lembra. E os nossos dirigentes continuam a dar ordens para pagar.Não percebo.