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Caso de Ihor Homeniuk é notícia no New York Times. Cabrita, SEF e media nacional são o foco

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Mário Cruz / Lusa

A morte de Ihor Homeniuk à chegada ao aeroporto de Lisboa, e todo o cenário político que se desencadeou em Portugal após o caso também já é notícia do outro lado no Atlântico. O jornal The New York Times destaca que os media portugueses desvalorizaram o acontecimento que ocorreu em março deste ano. 

A morte do ucraniano Ihor Homeniuk ocorreu em março deste ano, mas apenas quase nove meses depois é que o caso está a ser devidamente esmiuçado pelas autoridades competentes. Até agora, a morte, que foi atribuída a inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, não tinha tomado conta do panorama político e noticioso do país.

Contudo, atualmente o cenário é outro. Em Portugal, tanto o SEF, como Eduardo Cabrita, Ministro da Administração Interna, têm sido colocados “contra a parede” por terem vindo a desvalorizar, ao longo de todos estes meses, a violenta morte que ocorreu dentro das instalações do SEF no aeroporto de Lisboa.

É este cenário que é retratado numa notícia do jornal norte-americano New York Times, onde se lê que a situação “põe em causa as políticas de imigração e detenção do país”.

O jornal recorda a demissão de Cristina Gatões, diretora do SEF, após três inspetores serem indicados como culpados pela morte do cidadão que se encontrava ilegal no país.

Eduardo Cabrita é também o foco da notícia. O Ministro da Administração Interna tem-se visto pressionado depois de ter deixado de lado este caso de extrema violência, num país onde supostamente os direitos humanos são um direito primário. O New York Times sublinha que os líderes da oposição política têm frisado o desejo de que Cabrita abandone o cargo no Governo, devido à demora que teve em agir.

Um outro ponto observado pelo jornal foi a pouca cobertura jornalística que o caso teve em Portugal na altura em que aconteceu, ou seja, em março deste ano. O New York Times refere que a morte no SEF não foi alvo de grande escrutínio sobretudo devido ao facto de ter acontecido numa altura em que a pandemia de covid-19 era tida como assunto primordial em todos os órgãos de comunicação social.

O NYT faz ainda referência às imprecisões no relatório da autópsia. Inicialmente, os médicos classificaram a morte de Homeniuk como uma “paragem cardio respiratória após uma crise convulsiva”. No entanto, os promotores revelaram mais tarde que a análise ao corpo da vítima mostrou que esta tinha sofrido várias fraturas.

Miguel Duarte, porta-voz do Humans Before Borders, afirmou ao jornal que “os centros de detenção em Portugal não eram um assunto nos media até muito recentemente”.

De acordo com o NYT, “o caso também reflete questões superiores, por exemplo, de como os migrantes estrangeiros são tratados em Portugal”. Pedro Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional de Portugal, lembra que “a maioria dos requerentes de asilo chegam com visto de turista antes de eventualmente solicitar o visto de migrante, e alguns relatam maus-tratos”.

O responsável pela organização disse ao jornal que “os centros de asilo estão sobrecarregados e são necessários mais recursos para apoiá-los”.

Questionado pelo jornal norte-americano sobre o assunto, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras não respondeu a um pedido de comentários.

Esta não é a primeira vez que um assunto polémico do panorama português tem palco no jornal norte-americano.

Em setembro deste ano, aquando da realização da Festa do Avante!, o New York Times noticiou que a realização do evento comunista iria receber 16.500 pessoas, numa altura em o país estava a passar por uma pandemia.

Ana Moura, ZAP //

13 Comments

  1. Ao Cabrita, SEF e media, podem-se juntar os partidos da oposição, com destaque para os que gostam de se considerar campeões dos direitos humanos, e ainda a Amnistia Internacional e outras ONG. Não refiro os meninos e meninas blequelaivesmeter porque a pele do Ihor, por acaso, não era da sua cor preferida.

  2. Aquilo que fizeram ao cidadão ucraniano foi simplesmente horrível e envergonhou todos os portugueses dignos. Parecemos um país de terceiro mundo onde se cometem as maiores atrocidades. Os seres vivos que cometeram este hediondo crime, deviam apanhar pena máxima e serem alimentados a pão e água durante 25 anos.

  3. Pudera, ao cagaçal que os meios de comunicação portugueses fizeram queriam o quê? Gostaria de ver este exposição em relação aos portugueses assassinados em Angola, Moçambique e África do Sul.

      • Que resposta/comentario tão triste!!!
        se o senhor acha que o facto de entrar em Portugal ilegalmente é motivo para ser torturado até á morte, então deixe me dizer lhe que possui uma mente perigosa quase ao nível de Stallin e do Hitler, alem disso, e caso não saiba, uma boa parte da emigração portuguesa nos anos 60 que foi para frança, entraram no país a salto, ou seja, ilegalmente, e no entanto ñ foram torturados por isso, mesmo há 70 anos atrás, veja se por acaso ñ tem alguem na familia que o tenha feito e em caso afirmativo, se achava correcto ser morto por isso, ignorante

      • Leitura e interpretação de textos é coisa, claramente, que “não te assiste”!…
        Recomendo a frequência do Ensino Básico – mesmo que seja através da Tele-Escola, deves conseguir aprender alguma coisa…

  4. Interessante, então sendo assim, Portugal terá que praticar mais atrocidades para merecer um lugar no mundo. Uma vez que Cristiano, vinho do Porto, o Algarve e a Madeira são mais conhecidos que o próprio país Portugal, deve ser assim que a consciência mundial pode receber estímulos que levantam o moral português e reduz o complexo de inferioridade

  5. Os assassinos do SR. vindo da Ucrânia e os cúmplices são os parasitas da sociedade civilizada .Que em grupo de três ou mais armam -se em machões contra um Homem que vinha trabalhar . Sim porque trabalhar não é andar a espancar pessoas indefesas. Mesmo que aquele Homem tivesse falado um pouco mais alto e tivesse dito alguma asneira ERA UM SER HUMANO e só por isso já merecia respeito e quem é que já não disse uma asneira se é que o Homem disse alguma . Lá está tem de se fazer testes psicológicos a estes vermes que já se encontrem nestes cargos de poder e de haver um psicólogo uma pessoa neutra e um advogado nem que fosse um padre neste tipo de instalações onde o cidadão possa se dirigir , falar e desabafar . E PRINCIPALMMENTE ter os seus DIREITOS como SER HUMANO SALVAGUARDADOS . TEMOS DE EVOLUIR Devia haver um gabinete 24 horas por dia dos direitos do Homem dentro do Sef , esquadras etc.

    • Um padre?? Deve estar a brincar… Então não vivemos num Estado laico? Não vivemos num país democrático? Num país democrático não há padres nas esquadras de polícia! Ou será que deveria de haver? É que se deveria de haver um padre numa esquadra de polícia, então é porque este sistema político não serve… Mas nesse caso não se estaria aqui a discutir a morte do ucraniano… Ele teria morrido de causas naturais… Olhe, o mais certo seria ter sido “chamado para junto de Deus”!…

  6. Se, e se, os agentes do SEF vierem a ser condenados pela morte do cidadão ucraniano, será vergonhoso.
    Uma coisa é a família do ucraniano receber 800 mil ou 1 milhão ou até que fosse dois ou três… Outra coisa é condenar agentes da autoridade por homicídio! Isto é colocar as nossas autoridades ao nível… Sei lá… do sexta às nove! (pelas palavras de sua excelência o Dr. João Galamba)
    O cidadão ucraniano em vez de ter imigrado para Portugal, deveria ter escolhido o Paquistão ou até o Myanmar. Nesses países teria de certeza encontrado agentes da autoridade a outro nível!!
    Não há dúvida… Os portugueses não se sabem governar a si próprios…

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