A Justiça russa ordenou a prisão do ex-oficial russo Igor Girkin, um dos maiores críticos da falta de ganhos militares da Rússia na Ucrânia, e que permanecerá em prisão preventiva até 18 de setembro.
O ex-oficial russo Igor Girkin, conhecido como “Strelkov” (atirador) e que é reclamado pelas autoridades neerlandesas pelo abate do voo MH17 da Malaysia Airlines em 2014, foi hoje detido e permanecerá em prisão preventiva quase dois meses.
A prisão de Girkin foi decretada pela juíza Olesia Mendeleeva, durante uma audiência realizada no Tribunal Meshanski, em Moscovo.
Detido esta manhã em sua casa, Girkin é acusado de incitação ao extremismo, ao abrigo do artigo 280.º do Código Penal, em duas mensagens publicadas no Telegram em maio de 2022.
Nessas mensagens, expressou preocupação com a situação na península da Crimeia, anexada pela Rússia, e com o não pagamento aos soldados.
“As declarações do instrutor de que posso fugir para o exterior são abertamente ridículas, já que sou procurado pela Interpol na maioria dos países do mundo e fui condenado por um tribunal em Haia a prisão perpétua por um crime que não cometi”, afirmou.
Através das redes sociais, “Strelkov” tem criticado fortemente o rumo da invasão militar russa na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022, acusando o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, de negligência criminosa.
O antigo oficial também criticou duramente o Presidente russo, Vladimir Putin, e antecipou no início de junho que o líder do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, lideraria uma rebelião contra as chefias militares de Moscovo, o que finalmente ocorreu no dia 24 daquele mês, mas sem sucesso.
Igor Girkin foi detido por agentes da FSB, o serviço de segurança da Federação Russa, após ser denunciado por um membro da Wagner, grupo com o qual mantém relações inconstantes, segundo a imprensa.
Em outubro de 2022, Girkin foi para o Donbass, região no leste da Ucrânia disputada pela Rússia no âmbito da invasão em curso e palco de conflito provocado por grupos separatistas pró-russos desde 2014, para participar diretamente na luta, mas voltou a Moscovo dois meses depois, após reconhecer que a tentativa de ocupação “não teve sucesso”.
Girkin, por quem Kiev ofereceu uma recompensa de 90 mil euros, liderou um levantamento armado no Donbass em 2014, que levou a uma guerra entre milícias separatistas pró-Rússia e o Exército ucraniano.
Participou também na anexação ilegal da Crimeia, no mesmo ano, e foi titular da defesa, igualmente em 2014, na autoproclamada república popular de Donetsk, no Donbass.
Na altura, reconheceu à EFE que o FSB o proibia terminantemente de deixar o país por questões de segurança pelo seu envolvimento no abate do voo MH17 na região de Donetsk, e pelo qual “Strelkov” foi em novembro condenado à revelia pela justiça neerlandesa a prisão perpétua.
“Receber prisão perpétua dos inimigos é como uma medalha“, disse à EFE durante o julgamento, no qual foi responsabilizado pela queda de um Boeing 777 da Malaysia Airlines em 2014.
Uma investigação às causas da queda do avião, que fazia a rota Amesterdão-Kuala Lumpur, concluiu que a aeronave foi atingida por um míssil terra-ar pelos separatistas russos no Donbass, provocando a morte dos 298 passageiros e tripulantes.
Em 2022, Girkin foi julgado à revelia por um tribunal distrital de Haia, considerado culpado pelo abate do avião, e condenado a uma pena de prisão perpétua.
Em abril passado, criou o Clube dos Patriotas Furiosos, que não é uma organização extremista, segundo Pavel Gubarev, correligionário do preso, citado pela EFE.
“Igor não é um criminoso ou extremista“, disse aos repórteres junto ao tribunal, onde ergueu uma faixa com os dizeres “Liberdade para ‘Strelkov’. Glória à Rússia”.
Há poucos dias, outro aliado de Girkin, o ex-coronel dos serviços secretos Vladimir Kvachkov, também foi acusado de desacreditar as Forças Armadas russas.
ZAP // Lusa
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Bom para ser lembrado que existem loucos ainda mais loucos que os loucos que governam aquele pais.
Bom também para mostrar a cara do assassino em massa de civís e que seja apanhado depressa!