“Nivelar a sociedade por baixo” e Chega igual a BE e PCP

Manuel de Almeida / Lusa

Hugo Soares, líder parlamentar do PSD

Acusações de Hugo Soares, que se centrou na dependência do Estado, em clientelas eleitorais e no incentivo a manifestações.

O líder parlamentar do PSD acusou PS e Chega de querem “nivelar a sociedade por baixo” para fazerem crescer o seu eleitorado através do aumento da dependência do Estado.

Hugo Soares falava na abertura das jornadas parlamentares do PSD, em Sintra, e, a partir do exemplo das diferentes propostas de redução do IRS que foram debatidas no parlamento, considerou que “há um mar que distingue” o atual Governo PSD/CDS-PP da oposição.

“O PS e o Chega querem mesmo nivelar a sociedade por baixo, entendem que é na base da dependência do Estado que podem fazer crescer as suas clientelas eleitorais”, acusou.

Segundo Hugo Soares, o PSD tem “uma visão diferente”: “Dar ferramentas às pessoas para serem felizes e eles depois escolhem em quem querem votar, não fazemos depender o nosso eleitorado do apoio do Estado, mas da consciência e liberdade individual de cada um”, disse.

Hugo Soares criticou o parlamento por ter rejeitado a redução de IRS proposta pelo Governo, insistindo que quem ganha 1.200 ou até 2.000 euros por mês “não é rico, é a classe média em Portugal que precisa de ser desafogada da carga fiscal”.

O líder parlamentar do PSD recorreu à ironia para questionar o tema do agendamento parlamentar do PS, na quarta-feira, que vai apresentar uma recomendação ao Governo para que aprove o Plano Ferroviário Nacional.

“A política em Portugal atingiu um estado de paradoxo nunca antes visto. Então mas quem é que tutelou as Infraestruturas nos últimos anos se não o secretário-geral do PS, o dr. Pedro Nuno Santos? O que é que o dr. Pedro Nuno Santos esteve a fazer no Governo?”, questionou, considerando que este agendamento é “mais uma tremenda confissão de culpa do falhanço da governação do PS”.

Hugo Soares aproveitou a realização das jornadas parlamentares do PSD em Sintra, na “cintura da Área Metropolitana de Lisboa”, para voltar a justificar as críticas do partido ao diploma do PS já aprovado no parlamento que elimina as portagens de algumas SCUT.

“Por princípios de sustentabilidade ambiental, financeira mas também por princípios de coesão territorial, aquilo que defendíamos era uma redução efetiva de portagens em todo o território nacional – com uma discriminação positiva dos territórios de baixa densidade -, mas sem esquecer as populações que vivem nas cinturas urbanas de Lisboa e do Porto”, frisou.

Numas jornadas dedicadas a preparar o debate do estado da nação, marcado para dia 17 de julho no parlamento, o líder parlamentar do PSD enumerou algumas das medidas já aprovadas pelo executivo em cerca de três meses em funções, como o aumento do Complemento Solidário para Idosos ou o plano de emergência para a saúde.

“Dizem que esta é uma legislatura atípica onde o foco do debate político está no parlamento (…) Não vai ser por falta de apoio e de iniciativa, mas – habituem-se – também não vai ser por falta de combate no parlamento que este Governo não vai cumprir o seu programa”, assegurou, no final da sua intervenção.

Chega, BE e PCP

O líder parlamentar do PSD equiparou a extrema-direita à extrema-esquerda, dizendo que “quem costuma instigar trabalhadores a manifestarem-se” e “usar a rua como força de pressão” são PCP e BE.

“É aqui que quero deixar claro que os extremos se tocam mesmo até nas questões de soberania: agora é o Chega a pedir às forças e serviços de segurança que se possam manifestar, que possam cercar o parlamento e ocupar as galerias do parlamento , num debate que é serio para as forças de segurança”, criticou Hugo Soares.

O social-democrata considerou que o PSD tem mesmo razão quando diz que “a extrema-esquerda é igual à extrema-direita”, repetindo uma ideia que tinha deixado horas antes na TSF.

Hugo Soares deixou uma farpa ao PS: “Nós nunca saltámos o muro, nem para um lado nem para o outro. O PS saltou em 2015 para o lado dos extremistas que apoiam a Rússia”.

No domingo, o presidente do Chega, André Ventura, apelou a todos os polícias e forças de segurança para que “se mobilizem e compareçam no parlamento” na quinta-feira, data em que o seu partido levará a plenário vários projetos-lei, incluindo um que aplica o regime de atribuição do suplemento de missão de que já usufrui a Polícia Judiciária à Guarda Nacional Republicana, à Polícia de Segurança Pública e ao Corpo da Guarda Prisional.

“Não há ninguém no PSD que não entenda que não foi uma injustiça e uma iniquidade gritante que o Governo do PS tenha aumentado o subsídio de risco da Polícia Judiciária e não olhado para as forças e serviços de segurança”, disse, acrescentando que “ainda hoje não foram explicados” os motivos desta opção.

No entanto, o líder parlamentar do PSD admitiu que os elementos das forças e serviços de segurança são muito mais do que os da Polícia Judiciária e, se o subsídio atribuído fosse o mesmo, o valor seria “astronomicamente diferente”.

“Comprometemo-nos em campanha a poder negociar um entendimento: é hoje público que o Governo propôs um aumento de 300 mês para cada um dos elementos de forças de segurança, ainda que de forma faseada”, disse, frisando que “é muito dinheiro ao final do mês”.

Hugo Soares defendeu que, se outros setores de atividade que tivessem uma proposta semelhante de aumento salarial, “não hesitariam” e deixou uma pergunta.

“O Governo foi até onde podia ir, mas o partido de extrema-direita entende que é pouco e algumas associações que representam as forças de segurança também. Não sei se os elementos da PSP e GNR se reveem nas atitudes de associações e sindicatos…”, afirmou.

Quanto aos diplomas do Chega em debate na quinta-feira, Hugo Soares defendeu que cada partido deverá “assumir a sua responsabilidade” no momento de votar.

ZAP // Lusa

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