Hungria compra vacina russa apesar de não estar autorizada na UE

O Governo húngaro anunciou esta sexta-feira que chegou a acordo para comprar “grandes quantidades” da vacina russa contra a covid-19 Sputnik V, embora esta ainda não tenha sido autorizada pelas autoridades de saúde europeias.

O ministro húngaro dos Negócios Estrangeiros, Peter Szijjarto, fez o anúncio durante uma visita a Moscovo, num vídeo divulgado através do Facebook, acrescentando que “os pormenores serão apresentados mais tarde”, noticiou a agência Lusa.

O anúncio foi feito depois de, esta semana, o regulador húngaro ter dado ‘luz verde’ ao uso da vacina, apesar das críticas de Budapeste sobre a “morosidade” do processo de aprovação da vacina pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA).

Apenas duas vacinas estão atualmente autorizadas na União Europeia (UE): a Pfizer-BioNTech e a Moderna. O parecer sobre a da AstraZeneca, já utilizada no Reino Unido, deverá ser publicado até ao final do mês.

O primeiro-ministro húngaro, o nacionalista Viktor Orban, reiterou esta sexta-feira a sua impaciência, um dia depois da reunião dos 27 sobre o assunto. “Temos de enfrentar o facto de que alguma coisa está errada ao nível da UE”, criticou, durante a sua tradicional entrevista semanal de rádio.

“Se não há vacinas na UE, vamos buscá-la a outro sítio. Não é admissível que os húngaros morram por causa disso”, acrescentou.

As autoridades russas solicitaram o registo da Sputnik V na UE, que Moscovo diz ser ter uma eficácia de mais de 90%, mas a EMA ainda não iniciou o processo de avaliação. Embora tenha recebido críticas quando foi aprovada, em agosto de 2020, a Sputnik V já foi administrada a mais de 1,5 milhões de pessoas, de acordo com a Rússia, o que a tornou num instrumento de influência geopolítica.

“A Hungria é o primeiro país da UE a perceber os benefícios da Sputnik V”, elogiou Kirill Dmitriev, diretor do Fundo Soberano da Rússia (RDIF), que financiou o desenvolvimento da vacina, num comunicado divulgado na quinta-feira. A Hungria também encomendou um milhão de doses da vacina chinesa Sinopharm e aguarda autorização dos inspetores húngaros, que estão atualmente em Pequim.

// Lusa

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