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Human Rights Watch arrasa defesa dos direitos humanos na China

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Luong Thai Linh / EPA

O presidente da China, Xi Jinping

Segundo um relatório da Human Rights Watch, a China ameaça o “sistema internacional de direitos humanos” de várias formas. O documento também tece críticas a Donald Trump, Jair Bolsonaro e António Guterres.

Além de aumentar a repressão interna, a China também procura enfraquecer a cooperação internacional em torno dos direitos humanos, que considera lesivos dos seus interesses, sublinha a Human Rights Watch no seu mais recente relatório.

“Se não forem contrariadas, as ações de Pequim pressagiam um futuro distópico em que ninguém está fora do alcance dos censores chineses, e com um sistema internacional de direitos humanos tão enfraquecido que já não servirá como contrapeso para a repressão governamental”, escreve o diretor executivo da organização internacional não-governamental, Kenneth Roth, num artigo que abre o relatório anual da instituição.

O responsável também escreveu um artigo de opinião, publicado no Expresso, no qual pede aos Governos europeus e à União Europeia para “expressar uma opinião unânime” sobre a “repressão mais vasta e brutal efetuada na China em décadas”.

No mesmo texto, Kenneth Roth refere que planeava lançar o relatório em Hong Kong, no domingo, mas foi impedido de entrar na cidade por “razões de imigração”.

No relatório da HRW, a China é acusada de “construir um estado de vigilância tecnológica Orwelliano” e um “sofisticado sistema de censura na Internet” para suprimir as críticas. No estrangeiro, usa a força económica para “silenciar críticos”.

Kenneth Roth aponta várias violações de direitos humanos, como “desigualdade de rendimentos crescente, acesso discriminatório a benefícios públicos, acusações de corrupção seletivas” e o abandono de um elevado número de crianças na China rural, uma vez que os pais têm de procurar emprego noutras zonas do país.

A organização internacional sugere que os Governos mundiais e as instituições internacionais frisem que os abusos são responsabilidade do Governo do país, que “nunca foi eleito e não representa o povo“.

Críticas a Trump, Bolsonaro e Guterres

O 30.º relatório anual, que diz respeito ao período compreendido entre o final de 2018 e novembro de 2019 e em que são abordados mais de 100 países, tece críticas a líderes como Donald Trump, dos Estados Unidos, Narendra Modi, da Índia, e Jair Bolsonaro, do Brasil.

Segundo o documento, estes governantes reprimem “o mesmo corpo internacional de defesa dos direitos humanos que a China está a minar, galvanizando os seus públicos com lutas imaginárias com os ‘globalistas’, que se atrevem a sugerir que os governos mundiais se devem reger por princípios idênticos”.

Em relação aos EUA, “a administração Trump pôs em prática políticas de imigração desumanas e promoveu falsas narrativas que perpetuam o racismo e a discriminação”, além de ter enfraquecido os direitos da comunidade LGBT e a capacidade dos norte-americanos acederem a serviços de saúde.

No Brasil, Jair Bolsonaro “abraçou uma agenda antidireitos”, apesar de algumas medidas terem sido bloqueadas “pelos tribunais e pelo Congresso”. Destaca-se a lei que o Presidente quer aprovar para restringir condenações a polícias que assassinem suspeitos, assim como as opções ambientais.

António Guterres também é criticado por não ter exigido publicamente que a China termine com a “detenção em massa de povos túrquicos”, uma referência ao conflito de Xinjiang, no extremo-oeste da China, em que participam grupos separatistas uigures.

De acordo com a HRW, o secretário-geral das Nações Unidas “contenta-se em louvar” as proezas económicas do país.

ZAP //

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