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“Horrível e chocante”. 750 túmulos descobertos numa escola do Canadá

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Library and Archives Canada / Wikimedia

Escola Residencial Indígena de Marieval, Elcapo Creek Valley, Saskatchewan, 1923

Indígenas canadianos afirmam ter encontrado cerca de 751 sepulturas, que até à data eram desconhecidas, numa antiga escola em Saskatchewan, uma das províncias do país.

A Cowessess First Nation, a entidade indígena que encontrou as sepulturas na antiga escola, afirma que esta foi a descoberta “mais significativa até hoje, no Canadá”.

A escola residencial indígena de Marieval esteve em funcionamento entre 1899 e 1997, na área onde a população Cowessess agora se localiza, no Sudoeste de Saskatchewan.

Esta informação surgiu um mês após a descoberta de restos mortais de 215 crianças numa escola semelhante na província da Colúmbia Britânica, também no Canadá.

“Não pedimos piedade, apenas compreensão”, explica Cadmus Delorme, chefe da Cowessess, citado pela BBC.

A escola fez parte dos 130 internatos obrigatórios administrados pelo Governo canadiano e pelas autoridades religiosas durante os séculos XIX e XX, que faziam parte da política de integração das crianças indígenas na sociedade canadiana, que também teve como consequência a destruição de culturas e línguas indígenas.

Entre 1863 e 1998, estima-se que mais de 150 mil crianças indígenas tenham sido retiradas das suas famílias e tenham sido colocadas nestas escolas.

Cerca de 6.000 crianças morreram enquanto frequentavam estas escolas, em grande parte devido às péssimas condições sanitárias das mesmas. Os alunos, muitas vezes, eram alojados em instalações mal construídas, sem aquecimento e sem qualquer tipo de higiene.

“Eles fizeram-nos acreditar que não tínhamos alma” descreve Florence Sparvier, ex-estudante de uma das escolas residenciais. “Estavam a rebaixar-nos como pessoas, e dessa forma aprendemos a não gostar de quem éramos”.

Normalmente, as crianças não tinham autorização para falar na sua língua materna, nem praticar a sua cultura. Muitas eram maltratadas e abusadas, tendo um grande número delas fugido das escolas devido a abusos físicos e sexuais.

Em maio, a comunidade Cowessess começou a usar um radar de penetração no solo para conseguir localizar os túmulos não identificados no cemitério da escola residencial indígena, em Saskatchewan.

Perry Bellegarde, chefe nacional de uma assembleia de povos indígenas do Canadá descreveu a descoberta dos túmulos como “trágica, mas não surpreendente.”

“Encorajo todos os canadianos a apoiar os povos indígenas neste momento extremamente difícil”, escreveu Bellegarde no seu perfil no Twitter.

O Primeiro Ministro Justin Trudeau, na passada quinta-feira, afirmou que estava “terrivelmente triste” por saber desta nova descoberta.

“As descobertas feitas em Marieval e Kamploops fazem parte de uma tragédia muito maior. São um lembrete vergonhoso do racismo sistémico, descriminação e injustiça pela qual os povos indígenas têm passado – e continuam a passar – neste país”, disse Trudeau, citado pelo The Guardian.

Desde então, o governo federal e vários governos locais começaram a organizar fundos para as comunidades indígenas continuarem a procurar estes cemitérios.

Tifany Santos //

1 Comment

  1. Não é a igreja, qualquer uma organização mafiosa (TODAS O SÃO) que confere ALMA, essa é nossa, quer acreditemos ou não.
    Quanto mais vejo os seres humanos, mais gosto dos animais,

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