Os homossexuais católicos vão pedir ao Vaticano uma “mudança urgente” de atitude que promova o seu acolhimento e integração nas comunidades e paróquias, disse à agência Lusa José Leote, da associação Rumos Novo – Homossexuais Católicos.
A propósito do I Congresso Mundial das Associações Homossexuais Católicas, que decorre na próxima semana em Portimão, José Leote defendeu, em declarações à agência Lusa, “a necessidade urgente de uma mudança de atitude por parte da hierarquia católica no sentido de que haja um verdadeiro acolhimento (…) que passe pela integração [dos homossexuais] nas suas comunidades paroquiais”.
Este será um dos pontos principais de um documento será elaborado no congresso.
Representantes de associações internacionais de homossexuais católicos vão reunir-se em Portugal, entre 6 e 8 de outubro, na mesma altura em que começa no Vaticano a assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada às questões da família e que decorre até 19 de outubro.
No documento, a enviar depois ao Vaticano, será ainda feita uma análise detalhada da situação atual dos homossexuais relativamente à Igreja e apresentadas sugestões de como o objetivo da integração dos homossexuais nas paróquias pode ser alcançado.
As posições tomadas ao longo dos tempos pela hierarquia católica “foram contribuindo para afastar cada vez mais as pessoas da sua igreja”, segundo José Leote, que aponta como exemplo o facto de muitas paróquias em Portugal negarem a comunhão a quem sabem ser homossexual.
“Ainda que vivam uma relação estável e cumpram todos os requisitos que a Igreja assume como válidos para um casal heterossexual, a Igreja diz-lhes que não poderão comungar”, disse.
Adiantando que esta é uma realidade que “varia muito de paróquia para paróquia”, José Leote sublinha a necessidade de “uma pastoral da proximidade e da sensibilidade” para abordar as questões relacionadas com a presença dos homossexuais na Igreja.
Para José Leote, a integração “faz-se pela aceitação plena” e passa por considerar que os homossexuais “são fieis como quaisquer outros”.
“É isso que pedimos à Igreja”, acrescentou.
Para José Leote, em Portugal a forma como é tratada a questão da comunhão ou da assistência pastoral aos filhos dos homossexuais depende essencialmente da sensibilidade de cada sacerdote.
“Há uma apreciação caso a caso, paróquia a paróquia. Temos uma ideia tendencialmente mais conservadora desta realidade, mas há algumas paróquias, e paróquias com sacerdotes mais velhos, que são mais abertas”, disse.
Durante o congresso deverá ainda ser constituída a Organização Mundial das Associações Homossexuais Católicas, uma estrutura a que já aderiram representantes de Espanha, França, Reino Unido, Itália, Polónia, Brasil, México, Peru, Argentina e Estados Unidos.
A organização resulta, segundo José Leote, da necessidade de as pessoas com orientação homossexual por todo o mundo falarem “a uma só voz na cena internacional e também no Vaticano”.
/Lusa