A História única da vila submersa de Vilarinho da Furna

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Benkeboy / Wikimedia

Já desde o século XVII que há registos sobre Vilarinho da Furna e sobre a forma notável com a população vivia. A vila está agora submersa na barragem do Parque Nacional do Gerês. 

Em Terras de Bouro, no Gerês, estão escondidas debaixo de água as ruínas da famosa vila de Vilarinho da Furna. De acordo com os relatos orais que passaram pela região, a vila foi formada pelos visigodos em 70 D.C., mas nunca foram feitas muitas escavações arqueológicas antes da vila ser engolida pela água da barragem.

Uma das referências mais antigas à vila data de 1623, quando foi incluída num dos registos de uma igreja regional. Também foi mencionada por um viajante alemão no início do século XVIII, que registou de forma detalhada a forma como os habitantes viviam e o seu estilo de vida abastado, nota o Ancient Origins.

Graças à sua localização remota e terras férteis, os habitantes da vila criavam muito gado e tinham uma vida confortável e o viajante alemão diz mesmo que muitos aldeões no seu país natal teriam inveja da vida em Vilarinho da Furna.

A vila era ainda mais notável pela forma como era organizada e se sustentava sozinha. Uma das suas tradições era a junta, o conselho local que se dedicava a garantir o bem-estar na vila, desde a produção da comida, deveres pastorais e o combate ao crime.

Apesar do seu passado rico, o Governo do Estado Novo decidiu sacrificar a vila para a construção de uma barragem. O executivo começou os planos para a obra em 1950 e partiu para o terreno em 1967. Nesta altura, Vilarinho da Furna tinha cerca de 300 habitantes.

Os aldeões acabaram por sair prejudicados na compensação que receberam para sair da vila. A terra foi avaliada em apenas 0,5 escudos por metro quadrado pela Companhia Hidroeléctrica do Cavado, um valor muito abaixo do normal na altura.

Para além disto, os habitantes também tiveram problemas na própria evacuação. Dado estar num local remoto e de difícil acesso a estradas, a população teve de arcar sozinha com os custos e problemas para levar os seus pertences, já que o Estado não construiu um caminho de asfalto que facilitasse o transporte. O último habitante saiu em 1971, um ano antes da vila ficar totalmente submersa.

Para preservar a memória da vila, foi aberto o Museu de Etnográfico de Vilarinho da Furna, que integra o Núcleo Museológico de Campo do Gerês e acolhe ferramentas, itens e roupas tradicionais que pertenciam a alguns dos habitantes.

ZAP //

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