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Rio diz que “o Chega até pode desaparecer” e atira culpas pelo acordo nos Açores para a esfera de Marcelo

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ppdpsd / Flickr

O presidente do PSD, Rui Rio

Rui Rio, presidente do PSD, assume que concorda com o líder do Chega quanto à necessidade de acabar com a “subsídio-dependência” e diz que pode aceitar o apoio do partido de André Ventura no Parlamento nacional. Sobre o acordo nos Açores, diz que foi uma exigência do representante de Marcelo Rebelo de Sousa no Arquipélago. 

Declarações feitas por Rui Rio em entrevista à TVI, onde Rio destacou que o Chega “é uma federação de descontentes” que “vai buscar eleitorado a todos os espectros”.

“Não é um partido cimentado”, frisou ainda, considerando que “o tempo vai obrigar o Chega a ser um partido pela positiva”. “O Chega até pode desaparecer”, vaticinou mesmo, notando que “é uma forte possibilidade”.

Sobre o acordo parlamentar obtido entre os sociais-democratas e o Chega nos Açores, Rio assumiu que “do ponto de vista do interesse do PSD”, não é o ideal.

Mas foi o “ministro da República”, ou seja o representante nomeado por Marcelo Rebelo de Sousa, quem exigiu um documento escrito a garantir a estabilidade no Governo regional, revelou Rio na entrevista.

“Têm de perguntar ao dr. Pedro Catarino. Aquilo que eu sei é que ele exigiu, preto no branco, o suporte parlamentar”, salientou, atirando, assim, para a esfera de Marcelo Rebelo de Sousa parte das responsabilidades pelo acordo com o Chega.

Rio referiu que teve “conhecimento” das negociações, mas notou que não lhes deu “cobertura”. Apesar disso, realçou que concorda com os termos do acordo.

“O PSD Açores aceitou quatro reivindicações do Chega e uma dessas condições foi a redução de subsídio-dependência, um falhanço completo da governação do PS nos Açores”, salientou.

Não tenho nenhum problema com as posições do Chega sobre esta questão da subsídio-dependência, estou de acordo”, reforçou, destacando que é preciso “criar emprego” e “fiscalizar melhor quem está com o rendimento mínimo porque há pessoas que não trabalham porque não querem“.

“Estou de acordo com o combate à corrupção, vamos fazer uma proposta de redução do número de deputados e fomentar o reforço da autonomia”, acrescentou.

Sobre a possibilidade de repetir o acordo dos Açores a nível nacional, Rio admitiu apenas aceitar o apoio do Chega a maiorias no Parlamento.

“Se fosse hoje, era impossível o PSD fazer um Governo com a participação da extrema-esquerda e da extrema-direita. Não entraria o PCP, o BE nem o Chega“, atirou o líder do PSD numa farpa ao Governo de António Costa.

Rio afirmou também que “nunca” um Governo seu “se colocará nas mãos do Chega”, em mais uma crítica velada ao Executivo socialista.

Rio sente-se mais perto de ser primeiro-ministro

Na entrevista à TVI, o líder do PSD disse acreditar que a actual legislatura não chegará ao seu termo em 2023.

Reiterando o voto contra do PSD na votação final do Orçamento do Estado para 2021, Rio notou que uma gestão em duodécimos “é um problema”, mas referiu que poderia ser preferível a um documento “piorado” por PCP e BE.

Questionado então se considera preferível um cenário de eleições antecipadas, Rio fez questão de separar os planos, mas disse duvidar da estabilidade da legislatura.

“Da maneira como estou a ver, não me parece fácil que a legislatura vá até ao fim“, afirmou, apontando divisões ao nível do apoio parlamentar e até no Governo.

E à pergunta se tal significa que se considera mais próximo de vir a ser primeiro-ministro, respondeu afirmativamente “sim”.

Não quero chegar a primeiro-ministro de qualquer maneira. Se ao longo deste tempo for prometendo o impossível, quando chegar a primeiro-ministro já estou diminuído”, disse ainda.

ZAP // Lusa

7 Comments

  1. Rui Rio não é um político de grande visão mas é seguramente um político pragmático. Ele sabe que vai precisar do Chega para chegar a PM. E isso não é tragédia nenhuma e pode até chegar mais cedo do que o previsto.
    A realidade atual é esta, os populismos tendem a crescer e os partidos institucionais demoram a acordar para a mudança e para as alterações políticas na era das redes sociais.

  2. No que toca à “federação de descontentes” estou inteiramente de acordo com o Rui Rio. A federação “engrossa” com a incompetência transversal dos “profissionais da política” em todos os sectores de actividade e maioritariamente na administração do estado. O Chega ainda não é um partido político porque o André Ventura que quer ser o líder da direita, ainda não percebeu que espécie de coisa é a direita portuguesa o que não é grande mal porque o Paulo Portas entrou e saiu como candidato a esse lugar e também nunca chegou a perceber. A direita portuguesa tem três características fundamentais que têm de ser respeitadas a todo o custo, é transnacional, é multiracial e é pluricontinental. Diz respeito a um conjunto de cidadãos do mundo, de todas as raças, credos e religiões que falam o Português e que se encontram intelectualmente nesta língua, com o mesmo tipo de cultura.

    • Em Portugal tem várias direitas. Tem conservadores e liberais. Tem católicos e laicos. Tem xenófobos e multiraciais. A direita não é só uma. E o antigo CDS era um albergue Espanhol onde tudo cabia. Agora há a IL, o CHEGA, o PSD (virou ao centro e perdeu sobretudo os liberais do Passos Coelho) e o CDS que tera ficado com a direita mais católica, mais conservadora. E depois ainda tem os monárquicos.

  3. Para que fique claro, não me referi, intencionalmente à “direita mimética”, isto é, áquela que resulta de uma cópia directa de clichés importados. Estou a referir a direita genuína, nacionalista, a tal direita de “a cada braço uma enxada, a cada família um lar, a cada boca o seu pão!”. Quer pensamento mais genuínamente transversal e socialista do que este? Porque é que pensa que este propósito durou o tempo que durou?

  4. Senhor Ruim Rio poupe me a paciência, então o PPD é que fez o acordo e a culpa é do Marcelo? Então sendo assim a culpa da Geringonça Nacional é culpa do Cavaco? Era o Cavaco que era P.R. lembra-se? Não atire culpas nem areia aos nossos olhos.

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