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Há 853 profissionais de saúde infetados. Cerco sanitário no Porto em discussão

António Cotrim / Lusa

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, revelou que existem 853 profissionais de saúde infetados com a covid-19 em Portugal.

Em conferência de imprensa ao fim da manhã desta segunda-feira, depois de a Direção-Geral de Saúde ter divulgado o mais recente boletim epidemiológico, Lacerda Sales indicou que, até à meia-noite deste domingo, há registo de 853 profissionais de saúde infetados.

De acordo com o secretário de estado, há 209 médicos e 177 enfermeiros infetados, sendo os restantes profissionais assistentes operacionais e outros trabalhadores envolvidos diretamente nos cuidados de saúde.

A diretora da DGS, Graça Freitas, frisou ainda na mesma conferência de imprensa que os trabalhadores dos lares serão todos testados e que quem for testado positivo “será logo isolado” dos restantes para que reduzir a probabilidade de contaminação.

Questionada sobre a área do Porto, que registou um aumento de 125% de novos casos (passou 417 para 941), Graça Freitas diz que “o Porto neste momento do ponto de vista dos recursos materiais e humanos que precisa tem estado a receber todo o apoio nacional”.

Quanto a um eventual “cordão sanitário, ou cerca sanitária, está neste momento a ser equacionado e provavelmente será hoje tomada uma decisão nesse sentido”, disse a mesma responsável, dando conta que a decisão será tomada entre as autoridades regionais e as autoridades de saúde nacionais e o Ministério da Saúde.

De acordo com o jornal Observador, há duas razões que podem explicar o facto de o concelho do Porto ter mais do que duplicado o número de casos positivos para a covid-19: por um lado, há um aumento no número de testes realizados (menor na véspera, por ser domingo e nem todos os laboratórios estarem abertos); por outro lado, é necessário analisar o tipo de valores totais expressos no Boletim – este domingo o Porto tinha ainda o asterisco de “Informação reportada pelas Administrações Regionais de Saúde e Regiões Autónomas”, algo que deixou de ter nesta segunda-feira.

Câmara Porto contra cordão

Em comunicado citado pelo jornal Público, a Câmara Municipal do Porto diz ter sido “surpreendida por uma inopinada e extemporânea referência” da diretor-geral da Saúde de que estaria a ser equacionado um cerco sanitário ao Porto.

No entender da autarquia liderada por Rui Moreira, a medida é “absurda”, ineficaz e baseia-se em estatísticas sem “fiabilidade”. “A Câmara do Porto deixa de reconhecer autoridade à senhora diretora-geral da Saúde, entendendo as suas declarações de hoje como um lapso seguramente provocado por cansaço”.​

“[Esta é uma medida] absurda num momento em que a epidemia de covid-19 se encontra generalizada na comunidade em toda a região e país”, critica ainda a câmara, dando conta que a medida “não foi pedida pela Câmara do Porto, não foi pedida pela Protecção Civil do Porto e não foi pedida pela Proteção Civil distrital”.

“Nenhuma destas instituições e nenhum dos seus responsáveis, incluindo o presidente da Câmara do Porto foi contactado, avisado ou consultado pela Direção-Geral da Saúde”.

Grávidas infetadas devem ser vigiadas em casa

As grávidas com covid-19 positivo assintomáticas ou com ligeiras queixas devem preferencialmente ser vigiadas em casa, de acordo com uma norma a ser publicada e referida pelo Diretor do Serviço de Ginecologia-Obstetrícia do Hospital Beatriz Ângelo.

“Havendo condições para tal devemos manter uma monitorização diária remota [através de teleconsultas] da sua [grávidas] evolução clínica, conseguindo que se evitem deslocações necessárias aos centros de saúde, consultórios ou hospitais”, afirmou Carlos Veríssimo, na conferência de imprensa diária da Direção Geral da Saúde.

De acordo com o membro da direção do Colégio da Especialidade de Ginecologia-Obstetrícia e do Colégio de Competência em Ecografia Obstétrica Diferenciada da Ordem dos Médicos, as “grávidas devem seguir os conselhos de higiene e de contenção social recomendados pela DGS e devem manter os cuidados de prevenção, investigação e diagnóstico semelhantes aos da população em geral”.

Carlos Veríssimo reforçou que estas mulheres têm de manter a vigilância recomendada pelos seus médicos incluindo a realização de ecografias e exames laboratoriais.

No caso das grávidas com covid-19, o parto deve ser feito em salas isoladas e deve manter-se “o menor número possível de intervenientes”, disse, acrescentando que “o acompanhamento por terceiros não é de todo recomendado”.

O médico adiantou também que a analgesia epidural é fortemente recomendada no caso de grávidas com covid-19, de forma a evitar “ao máximo uma anestesia geral”.

De acordo com os dados avançados pelo médico, há neste momento 60 mil grávidas, prevendo-se sete mil partos por mês, 230 por dia. Podemos “inferir que eventualmente, segundo as taxas de incidência que temos conhecimento, teríamos seis grávidas infetadas sintomáticas, isto é: um a dois partos por cada mil infetados”.

ZAP //

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