António Guterres esteve com Putin e com Zelenskyy. Visitas já seriam benéficas se servissem para evacuar mais civis. Mas nem isso é certo.
António Guterres esteve, no espaço de 48 horas, a falar com Vladimir Putin e com Volodymyr Zelenskyy, presidentes de Rússia e Ucrânia, respectivamente.
Nesta quinta-feira o encontro foi com Zelenskyy e Guterres admitiu que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) “falhou em fazer tudo o que estava ao seu alcance para prevenir e acabar com esta guerra. Esta é uma fonte de grande deceção, frustração e raiva”.
“Mas os homens e mulheres das Nações Unidas estão a trabalhar todos os dias para o povo da Ucrânia, lado a lado com tantas corajosas organizações ucranianas”, assegurou.
“Esta guerra tem que terminar e a paz tem que ser estabelecida. Estou aqui para dizer ao povo da Ucrânia que não desistiremos e que continuaremos a lutar para alcançar um cessar-fogo e criar corredores humanitários”, insistiu Guterres.
Mais de dois meses depois do início da guerra, será que o secretário-geral da ONU já chegou tarde à Rússia e à Ucrânia? “É difícil dizer isso. Sergey Lavrov disse recentemente que ainda não é altura para um mediador. E houve imensas diligências diplomáticas de todo o tipo de líderes, junto do Kremlin, nos meses antes da guerra. Mas todos os sinais que vinham de Moscovo é que só queriam falar com os Estados Unidos da América”.
A resposta é de Bruno Cardoso Reis, historiador, que na rádio Observador deixou um alerta em relação ao papel de um mediador neste contexto: “Temos de ter esta noção: para um mediador ter sucesso, é fundamental que ele seja realmente desejado por ambas as partes. E na Rússia falta vontade de ver a ONU como um mediador”.
Estas visitas demonstraram ainda a diferença de estilos de liderança, até pela distância física entre Guterres e Putin, contrariando a proximidade entre Guterres e Zelenskyy: “O estilo russo é autocrático, centrado nos rituais dos czares e dos imperadores russos. O estilo ucraniano é profundamente democrático, vestido de camuflado e sem galões, sem oficiais”.
Bruno Cardoso Reis comentou também o momento em que uma jornalista suíça fez uma pergunta a Zelenskyy, sobre as exigências de Kiev em relação à segurança dos civis – mas quem respondeu foi Guterres.
O responsável português, irritado e já um pouco “cansado” das perguntas sobre esse assunto em dias anteriores, reforçou que não vai dizer algo que possa ser um obstáculo para salvar pessoas: “Entende-se a discrição de Guterres: muitas vezes é isso que é necessário para obter resultados”.
No entanto, mesmo que seja criado um corredor humanitário em Mariupol, é “demasiado optimista” pensar que isso é sinónimo de aproximar do fim da guerra.
E, afinal, estas visitas mudam alguma coisa no decorrer da guerra? “No essencial, infelizmente, não. Apesar de tudo, se conseguir criar um mecanismo um pouco mais eficaz para criar corredores humanitários, para evacuar civis da zona do conflito, isso já seria um resultado. Se se perceber que o secretário-geral da ONU é a chave, acho que se deve continuar”.
“Mas as expectativas não devem ir além disso. Seria exagerado, ou impossível. E mesmo os corredores humanitários… Veremos. Têm sido feitas muitas promessas que depois não se concretizam”, finalizou o professor universitário.
Foi tarde e de empurrão!
Mesmo que ele tivesse ido mais cedo em nada mudaria a cabeça dura do putin. Ele já tinha tomado a decisão há muito tempo, senão porque foi ele invadir a crimeia.
Esse assassino de potim só vai acabar, quando levar com um missel ou coisa parecida no kramelim, ou quando o Povo Russo, mais uma vez passar fome, e este se revoltar com um possível golpe de Estado.