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Afinal, as guerreiras amazonas da mitologia grega não eram só uma lenda

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Metropolitan Museum of Art / Wikimedia

“Ovide chez les Scythes”, óleo em madeira de Eugène Delacroix (1862)

Será que as amazonas da mitologia grega antiga – ferozes guerreiras que terão vivido numa vasta área ao redor do Mar Negro, conhecida como Cítia – eram reais? Ou seriam fictícias? Descobertas arqueológicas mostram que estas podem ter sido inspiradas em mulheres guerreiras do povo cita.

Historiadores modernos deduziram que as amazonas, documentadas pela primeira vez pelo poeta Homero no século VIII a.C., eram apenas fantasia.

No entanto, na década de 1990, arqueólogos identificaram esqueletos femininos enterrados em túmulos de guerreiros, no mesmo local onde as amazonas teriam vivido, em Cítia.

De acordo com Adrienne Mayor, investigadora do Programa de História da Ciência, na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, alguns desses esqueletos apresentavam ferimentos de combate – como pontas de flechas incrustadas nos ossos – e tinham sido enterrados com armas que combinavam com as usadas pelas Amazonas, ilustradas em obras de arte gregas antigas.

“Graças à arqueologia, agora sabemos que os mitos amazónicos, antes considerados fantasia, afinal contêm detalhes precisos”, disse Mayor, autora de “The Amazons: Lives and Legends of Warrior Women Across the Ancient World”, ao Live Science.

As guerreiras nómadas encontradas faziam parte de um antigo grupo de tribos, conhecidas como os citas (Scythians, em inglês), mestres da equitação e do arco e flecha, que viveu num vasto território da Eurásia, que se estendia do Mar Negro até à China, desde 700 a.C. até 500 d.C., aproximadamente, escreveu Mayor na revista Foreign Affairs.

Segundo descreve o British Museum, os citas eram um povo radical, que tinha a reputação de beber quantidades excessivas de vinho não diluído (ao contrário dos gregos, que o misturavam com água) e, até, de fumar marijuana.

Além disso, vários corpos congelados de citas mumificados revelam que estes tinham uma grande quantidade de tatuagens de animais.

No entanto, as sociedades citas não eram compostas exclusivamente por mulheres, como a mitologia grega fez acreditar. De acordo com o Live Science, este povo era composto por ambos os sexos, sendo que os membros femininos viviam como os homens e algumas mulheres até se juntavam aos homens na caça e nas batalhas.

“É emocionante saber que aquelas meninas e mulheres aprenderam a andar a cavalo e a atirar flechas, tal como os irmãos fizeram”, disse Mayor em declarações ao mesmo site.

A investigadora explicou ainda que, tendo em conta que os citas eram um pequeno grupo que se deslocava sob a constante ameaça de inimigos, fazia sentido que todos ajudassem na defesa e nas invasões, independentemente da idade ou do sexo.

Mulheres guerreiras entre os 10 e os 45 anos foram encontradas em cemitérios citas e, até agora, arqueólogos já “identificaram mais de 300 restos mortais de mulheres guerreiras, enterradas com os seus cavalos e armas, e são descobertas mais evidências todos os anos”, disse Mayor ao Live Science.

Os citas não eram, no entanto, o único grupo cujas mulheres participavam nas batalhas e na caça e os gregos não eram os únicos que contavam histórias sobre as amazonas e mulheres parecidas com elas.

“Havia histórias emocionantes – algumas imaginárias e algumas baseadas na realidade – sobre mulheres como as Amazonas da Roma antiga, Egito, Norte da África, Arábia, Mesopotâmia, Pérsia, Ásia Central, Índia e China”, disse a autora do artigo.

O nome do rio Amazonas, na América do Sul, está relacionado com uma dessas histórias: de acordo com a Encyclopedia Britannica, o soldado espanhol Francisco de Orellana – que se acredita ter sido o primeiro europeu a explorar a Amazónia, em 1541 – deu o nome ao rio depois de ter sido atacado por mulheres guerreiras, que comparou com as mitológicas guerreiras amazonas (que agora sabemos serem baseadas no povo cita).

Sofia Teixeira Santos, ZAP //

6 Comments

  1. Proooonto…. Vá lá….. Não chorem mais. Eis que se somam umas as trás das outras, as descobertas pseudo-cientificas encomendadas pela cancel-culture metoo. Afinal se formos bem, bem a ver… Jesus Cristo era uma mulher (negra e lésbica, claro), Ghengis Kahn era travesti, D. Afonso Henriques era Trans e Deus é uma vagina celeste.

    Eu até acho que não existem homens no mundo. O sexo masculino é todo ele um embuste, a não ser que seja homosexual, claro.

  2. Notícia muito interessante, finalmente a ciência divulga algo que a arte e a literatura há muito contavam. Faz todo o sentido que as mulheres, noutras culturas que não esta patriarcal obsoleta e demagógica que ainda predomina actualmente, se tenham emancipado naturalmente tal como os homens, e vivido em condições menos injustas.

  3. Isto é que é falta de confiança na sua sexualidade.
    Como é que um artigo de carácter científico desta natureza pode causar uma reacção homofóbica como esta?!
    Um homem confiante na sua identidade heterossexual não receia manifestações de emancipação e afirmação de igualdade das mulheres. E muito menos homossexuais, visto que, por raciocínio lógico, estes representam uma redução na competição pelo sexo oposto.

    • Deve ser por isso que os homossexuais e as feminazis de hoje em dia se queixam tanto de tudo e mais alguma coisa. Deve ser por serem muito ‘confiantes’ segundo o seu raciocínio.

      A questão é que as mulheres há muito que estão em pé de igualdade. Que mundo de fantasia é o seu onde as mulheres não têm direitos iguais? Olhe que nunca num sítio onde eu trabalhasse ou onde trabalho actualmente, uma mulher ganhava menos do que um homem. Isto claro desde que tenha o mesmo desempenho e experiência e seja contratada com base num CV igualmente bom. Nunca! Há-de dar-me exemplos concretos, por favor. Mas também lhe digo, se há excepções em que isso acontece, o contrário não duvide que também. Por isso excepções apenas confirmam a regra.

      Já não vivemos na era Victoriana, sabe…. As mulheres já votam, trabalham, são a maioria e as mais bem sucedidas no mundo académico, etc…. As metoos deste mundo, em vezbda andarem a lutar contra a misoginia nos países onde ela existe, como no Afeganistão, na Índia ou em diversos países Muçulmanos… Não, andam a fazer campanha com a Esquerda caviar, para ver se conseguem a pena de morte contra o piropo. Pergunto: se as mulheres são mais bem sucedidas no meio académico, é mérito… Mas se há menos mulheres executivas ou ministras, aí isso já passa a ser discriminação??.. Giro: dois pesos e duas medidas.

      Infelizmente, se o feminismo fez todo o sentido no tempo das suffragettes e das Flappers dos anos 20, hoje em dia o Feminismo não passa de misandria pira e dura. Um ressabiamento anti-masculinidade bem patente em publicidades mentecaptas como aquela da Gillette. E pergunto eu também: porque as metoos deste mundo não andarão preocupadas com a enorme maioria de homens em profissões como trolha das obras, reparadores de postes de alta tensão, construção de arranha-céus, reparação de esgotos, etc… Ai isso já pode ficar só para os homens?

      Se há por exemplo mais homens do que mulheres em profissões tecnológicas como Engenharia, isso tem simplesmente a ver com as mulheres naturalmente não procurarem essas profissões. Isto já foi provado em estudos sociológicos, estatísticos e científicos, tal como divulgado no documentário Norueguês “Brainwashed” – mas estes movimentos feministas de quarta vaga gostam pouco de ciências e factos porque vivem de angariação de apoiantes e para isso há que perpetuar o estatuto de vítima da mulher e toda e qualquer orientação sexual que não a hetero (embora toda a gente saiba a influência que o Loby gay tem).

      Raças pelos vistos só a negra é que é vítima porque andam agora a lembrar se de que é preciso pedir desculpa pela escravatura levada a cabo pelos meus antepassados de há 300 ou 500 anos. Mas os Judeus já não andam a pedir aos Alemães que peçam desculpa pelo Homem locausto, nem nós andamos a exigir desculpas aos Escandinavos pelas pilhagens dos Vikings, nem ao Ghengis Kahn pelo morticínio que levou a cabo, nem aos Romanos pela quantidade de pessoas que torturaram, escravizaram e chacinaram por essa Europa fora. Mas claro… Nós como escravizamos Africanos, já nascemos com a culpa dos erros dos nossos antepassados entranhada nos ossos. Porque todas as raças podem ter sido escravas nalgum ponto da história… Menos os negros. Ou melhor… Até os negros podem ser alvo de maus tratos, desde que seja por outros negros. Só Shaka Zulu matou cerca de um milhão mas que mal faz?.. É lá entre eles, dirão os mais imbecis sem repararem que ainda estão a ser mais racistas quando dizem isso. É como ainda agora no Ruanda ou mais recentemente em Moçambique… É só o lado limpezas étnicas, mas como não foram brancos a levar a cabo, não se exige nenhum pedido de desculpa. O importante é andar a cometer actos de vandalismo a derrubar estátuas. Isso sim!.. Cancel-culture a querer reescrever a história, é que é trabalho!

      • Vá curar os seus complexos de inferioridade para um divã de um psicanalista. As suas masculinidades hegemónicas feridas dão vontade de rir. Trate-se!

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