Guerra na Ucrânia pode destruir (também) o ambiente

EPA/Roman Pilipey

Especialistas da Universidade do Minho destacam a possibilidade de ecocídio provocado pelo conflito que dura há mais de meio ano.

A guerra na Ucrânia, que começou no final de Fevereiro, já mudou a vida de milhões de pessoas e ainda vai mudar a vida de mais milhões.

O impacto económico juntou-se rapidamente ao grande impacto humanitário – mas o impacto ambiental também poderá ser enorme.

O alerta é dado num artigo na revista científica Frontiers in Ecology and the Environment, que contou com a participação de Ronaldo Sousa e Janine Silva, do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Escola de Ciências da Universidade do Minho.

Os especialistas – com a colaboração do checo Karel Douda e do italiano Stefano Mammola – avisam que há um cenário potencial de ecocídio.

O ecocídio é uma destruição metódica de um ecossistema, ou de uma comunidade vegetal ou animal; é a destruição do ambiente natural por acção humana deliberada ou negligente.

Neste contexto ucraniano, de acordo com Ronaldo Sousa, está em causa a possível contaminação dos habitats terrestres e aquáticos por derrames de petróleo e metais pesados, entre outros, fruto da destruição de zonas de armazenamento de combustíveis, infraestruturas de transporte e complexos industriais e urbanos.

A fragmentação do habitat e a perda de conceptividade causadas pelo conflito podem também prejudicar muito várias espécies de peixes e mamíferos (como o icónico bisonte europeu).

A longo prazo, prevê-se o declínio nas populações de animais selvagens, através do aumento da caça ilegal, pesca e exploração de recursos naturais; a fragmentação de habitats devido à construção de muros ao longo das fronteiras; a presença de minas terrestres; e a desflorestação.

Como a exportação de cereais está fortemente condicionada, deverá surgir uma maior exploração de recursos noutros locais.

Ficam também indicações sobre a UNESCO, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, que tem implementado um sistema de ajuda para o património arquitetónico, em cenário de guerra, mas o mesmo não acontece com a conservação da biodiversidade, avisam.

ZAP //

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