É desta que a guerra muda? Ucrânia ataca em várias direcções e tem rede de espiões na Rússia

Roman Pilipey / EPA

“Parece-me ser muito claro que a contra-ofensiva ucraniana terá começado”. Será uma semana de mudança na guerra da Ucrânia.

Há meses que se comenta que a Primavera de 2023 seria de uma contra-ofensiva ucraniana, na guerra.

A Primavera está a acabar mas nesta semana há mudanças no terreno.

“Parece-me ser muito claro que a contra-ofensiva ucraniana terá começado”. “A Ucrânia já está a agir e existem indicadores que permitem afirmar que a contra-ofensiva está em curso“.

As análises são, respectivamente, da comentadora Helena Ferro Gouveia, e do major-general Agostinho Costa, na CNN Portugal.

Estas declarações surgiram nesta segunda-feira, no dia em que a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, avisou na televisão ucraniana: uma ofensiva ucraniana está a decorrer “em várias direcções”.

“Não é só em Bakhmut. A ofensiva está a avançar em várias direcções. Estamos felizes por cada metro conquistado. Hoje é um dia de sucesso para as nossas forças”, comentou a ministra.

Já Serhii Cherevatyi, porta-voz das Forças Armadas da Ucrânia, falou sobre uma “ofensiva” ucraniana nos flancos a norte e a sudeste de Bakhmut: “Tivemos sucesso nessas acções“.

Precisamente em Bakhmut, o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, anunciou que as forças russas perderam o controlo de Berkhivka, perto de Bakhmut: “As nossas tropas estão a fugir lentamente. É uma vergonha!“.

Orikhovo-Vasylivka e Paraskoviivka, em direcção a norte, e perto de Ivanivske e Klishchiivka em direcção ao sudoeste: a Ucrânia estará a atacar em todos estes locais.

A Rússia tinha dito que a Ucrânia tinha tentado uma ofensiva em “larga escala” em Donetsk.

E a Ucrânia está “muito bem preparada” para esta contra-ofensiva, garantiu Mark Milley, general dos EUA, na CNN.

Aliás, nos EUA, há responsáveis militares que acreditam que os ataques na Ucrânia junto à fronteira, mas já dentro de território russo, são uma estratégia militar inteligente: a Rússia foca-se em defender o seu país e desvia-se das zonas ucranianas que controla.

Rede de espionagem

A Ucrânia tem uma rede de agentes/espiões e apoiantes na Rússia. Assim, consegue sabotar alvos russos e consegue drones para a realização de ataques.

A mesma CNN avança esta informação e acrescenta que as autoridades dos EUA acreditam que estes agentes pró-ucranianos na Rússia estão na origem do ataque ao Kremlin com drones – que terão sido lançados mesmo a partir de território russo, e não da Ucrânia.

Nos EUA, acredita-se que a Ucrânia – possivelmente elementos dos serviços secretos – desenvolveu células de sabotagem no interior da Rússia, com simpatizantes pró-ucranianos e operacionais bem treinados neste tipo de guerra.

Os ucranianos terão estabelecido rotas de contrabando (a fronteira entre Rùssia e Ucrânia é muito longa e difícil de controlar) que podem estar a ser utilizadas para enviar drones ou componentes de drones para a Rússia, para depois serem montados já em solo russo.

“O dinheiro faz maravilhas”, comentou uma fonte à televisão norte-americana. Porque “a sobrevivência é um problema de todos”.

Rússia vs. Grupo Wagner

Além da “vergonha” que se passou em Berkhivka, segundo palavras do seu líder, o Grupo Wagner deixou mais um sinal de conflito com o Kremlin.

O mesmo Yevgeny Prigozhin anunciou nesta segunda-feira que capturou o comandante da 72.ª Brigada da Rússia.

Roman Venvitin, tenente-coronel, foi detido porque – segundo o próprio – disse a soldados russos que disparassem na direcção de um comboio do Grupo Wagner. Estava embriagado, confessou.

O tenente-coronel admitiu ainda que sente uma “antipatia pessoal” pelo Wagner, cita o jornal The Moscow Times.

Roman Venvitin já tinha sico acusado por Yevgeny Prigozhin de tentar prejudicar os planos do Grupo Wagner.

ZAP //

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