Guerra está em “impasse estratégico”. Zelenskyy exige retirada incondicional da Rússia de Zaporijia

Presidência Ucraniana / EPA

O Presidente ucraniano exigiu na quarta-feira a retirada “incondicional e o mais rápido possível” do Exército russo da central nuclear de Zaporijia, permitindo, assim, um regresso gradual da segurança ucraniana e internacional.

O chefe de Estado ucraniano lembrou que diplomatas ucranianos, cientistas nucleares e a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) estão em “constante contacto” para enviar a missão da Organização das Nações Unidas (ONU) para a maior central nuclear da Europa, noticiou a agência Lusa.

Apenas a transparência absoluta e uma situação controlada dentro e ao redor da central nuclear “podem garantir um regresso gradual à segurança nuclear normal para o Estado ucraniano, para a comunidade internacional e para a AIEA”, realçou Volodymyr Zelenskyy, na sua mensagem de vídeo diária dirigida à nação.

“O Exército russo deve retirar-se do território da central nuclear e de todas as áreas vizinhas, e retirar o seu equipamento militar da central. Isto deve acontecer incondicionalmente e o mais rápido possível”, exigiu o governante.

A Ucrânia está preparada para garantir o controlo adequado à AIEA, para que a missão correspondente “possa ser enviada à fábrica de Zaporijia de forma legal, com muita rapidez e eficiência”, acrescentou.

Entretanto, Oleksiy Arestovych, conselheiro do Presidente ucraniano, disse que a Rússia fez apenas “avanços mínimos” e a guerra encontra-se num “impasse estratégico”, em declarações citadas pelo Guardian.

De acordo com o Ministério da Defesa ucraniano, o Governo russo está a transferir aviões e helicópteros para a península da Crimeia e para território russo, em resposta aos ataques que têm ocorrido na região.

Guterres reúne com Zelensky e Erdogan

O secretário-geral da ONU, António Guterres, chegou na quarta-feira a solo ucraniano para uma visita de três dias, onde tem encontro marcado com Zelenskyy e com o líder turco, Recep Tayyip Erdogan. A reunião trilateral ocorre esta quinta-feira, em Lviv.

Estarão em cima da mesa a revisão da iniciativa que possibilitou o desbloqueio das exportações de cereais ucranianos pelo mar Negro, a situação atual em Zaporíjia e as tentativas de envio de uma missão de especialistas internacionais para avaliar o terreno, disse o porta-voz do líder da ONU, Stéphane Dujarric.

Na sexta-feira, Guterres visitará a cidade de Odessa, cujo porto está a ser utilizado para a exportação de cereais ucranianos, através do acordo impulsionado pela ONU e pela Turquia. Mais tarde, viajará ainda para Istambul para visitar o Centro de Coordenação Conjunta que fiscaliza o cumprimento desse pacto.

O secretário-geral da ONU visitou a Ucrânia em abril, no âmbito da evacuação da fábrica de Azovstal, em Mariupol.

O ministério da Defesa russo acusou a Ucrânia de planear uma “provocação” na central nuclear de Zaporijjia durante a visita de Guterres, noticiou a agência RIA.

Não foram apresentadas provas para fundamentar esta acusação. A declaração esclarece ainda que não existe armamento pesado russo no complexo nuclear dominado por Moscovo, ou em qualquer um dos distritos mais próximos.

A central nuclear foi atacada por diversas vezes nas últimas semanas, com Ucrânia e Rússia a culparem-se mutuamente pelos bombardeamentos.

Putin terá substituído comandante do Mar Negro

O Kremlin terá afastado Igor Osipov do cargo de comandante da Frota do Mar Negro, avançou a RIA, após os ataques aéreos na Crimeia terem fragilizado a presença russa na península. Segundo o Moscow Times, Osipov foi substituído por Viktor Sokolov, que terá sido apresentado às tropas em Sevastopol.

A reforma ainda não foi confirmada pelo Kremlin. O porta-voz da Frota do Mar Negro negou a saída de Osipov e a entrada de Sokolov.

Enquanto isso, o ministério da Defesa chinês avançou que a China e a Rússia, entre outros países, organizaram um exercício militar conjunto, assegurando que a operação “não está relacionada com a atual situação internacional e regional”.

O exercício militar conjunto vai ser executado em território russo e, além da China, incluirá também tropas da Índia, Bielorrússia, Mongólia e Tajiquistão.

Exportações de petróleo deverão aumentar 38%

Segundo um relatório do ministério russo da Economia consultado pela agência Reuters, o aumento de exportações conjugado com o aumento do preço da gasolina vão resultar num em ganhos de 337,5 mil milhões de dólares para a Rússia. Este número representa um aumento de 38% face a 2021.

Esse aumento no setor energético só compensa parcialmente as consequências que a invasão está a ter no país.

“O impacto das sanções na economia da Rússia é muito desigual. Em alguns setores, foi catastrófico, como na indústria automobilística. O setor do petróleo está relativamente ileso por enquanto”, disse Janis Kluge, associado sénior do Instituto Alemão de Assuntos Internacionais e de Segurança, citado pela Al Jazeera.

ZAP //

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