A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China tem feito mossa nas duas economias, mas os chineses são capazes de ser os grandes vencedores deste duelo entre as duas maiores potências comerciais do mundo.
Os EUA e a China chegaram a um acordo na guerra comercial entre os dois países. Após uma reunião entre Trump e Xi Jinping, no G20, os dois líderes concordaram em retomar as negociações. As tarifas, que começaram a ser introduzidas por ambos os lados, não serão aumentadas.
No entanto, uma série de tarifas permanece e as relações comerciais ainda estão longe do normal entre as duas maiores economias do mundo. Isto pode não ser uma guerra fria, mas é uma grande rivalidade de poder com foco na supremacia tecnológica e de que lado tem o melhor modelo de desenvolvimento.
A economia da China está a desacelerar e as recentes tarifas dos EUA sobre as suas exportações não ajudaram. A taxa de crescimento da China caiu de 6,6%, em 2018, para 6,4% no primeiro trimestre de 2019.
Mas, a longo prazo, a pressão exercida pela administração de Trump fortalecerá a China. Isto ajudará a China a acelerar os esforços para reestruturar a economia, focar mais na inovação e também impulsionar o orgulho nacional do país.
Os avanços tecnológicos são cruciais para a construção de um império e o surgimento de novas potências, com a energia a vapor e, depois, com as tecnologias eletrónicas que impulsionam os impérios britânico e americano anteriores. A quarta revolução industrial deslocará a concorrência internacional do trabalho, território e armas nucleares para novas tecnologias, incluindo robótica, inteligência artificial e serviços sem fios.
Hora de acordar
Até recentemente, os legisladores americanos operavam sob a suposição de que os EUA eram a super-potência tecnológica do mundo e o Silicon Valley era o centro de inovação do mundo. A China era considerada uma imitadora que constrói clones desajeitados das tecnologias americanas ou usa as suas grandes empresas estatais para comprar empresas inovadoras dos EUA e absorver a sua propriedade intelectual e know-how.
Mas quando se trata de 5G, os EUA ficaram para trás. Nenhuma empresa americana tem equipamentos comparáveis à Huawei. Isto estimulou Trump a empreender uma guerra contra a empresa chinesa de tecnologia. Primeiro, declarou uma emergência nacional, proibindo vendas e o uso de equipamentos de telecomunicações considerados como “riscos inaceitáveis”. Depois, pressionou aliados a fazerem o mesmo.
Empresas sediadas nos EUA seguiram o exemplo. Primeiro, a Google removeu a Huawei do seu serviço Android, depois a Wi-Fi Alliance, a Bluetooth e outras empresas seguiram o exemplo.
Revolução na inovação
A Huawei é um produto da estratégia de política industrial do governo chinês. A visão de elevar uma fabricante de baixo custo a uma líder de inovação global levou ao lançamento da iniciativa “Made In China 2025” e um plano de desenvolvimento de inteligência artificial para canalizar recursos para setores estratégicos como computação, inteligência artificial, robótica e aeroespacial.
A China pretende alcançar uma taxa de auto-suficiência de produção de IA de 80%, minimizando a dependência de outros países para as partes complexas necessárias nesta tecnologia. Também pretende tornar-se num centro tecnológico líder em IA até 2030. Isso está a dar frutos, já que em 2017, 48% do financiamento global de IA era chinês, comparado a 38% dos americanos.
A China é hoje a maior produtora mundial de artigos de investigação científica e o Semantic Scholar, o motor de busca académico de artigos científicos, sugere que os investigadores chineses superaram os seus colegas norte-americanos na produção de artigos de inteligência artificial.
Assim, a proibição da Huawei e as tarifas sobre produtos chineses não vão retardar a China — elas vão estimular um novo sistema de inovação e vão impulsionar a investigação científica com o objetivo de se tornarem mais independentes.
Impulso doméstico
A China quer agora reequilibrar a sua economia para longe da procura externa, passando para um investimento ao consumo interno. Isto começou em 2008 com a crise financeira global e tornou-se cada vez mais necessário à medida que a classe média chinesa se desenvolve.
Quando Trump anunciou pela primeira vez as tarifas em 2018, o consumo interno da China foi responsável por 76,2% do crescimento do PIB, e o mercado de ações chinês absorveu o impacto e recuperou após um declínio acentuado inicial.
Desde então, o governo chinês introduziu novas políticas para impulsionar ainda mais o consumo interno, incluindo mais cortes de impostos e iniciativas e incentivos para o cuidado com idosos e crianças. Assim, a guerra comercial apoiou os esforços da China para redistribuir riqueza e reestruturar a economia.
A guerra comercial também reuniu o público chinês em torno do seu governo. O tratamento dos EUA às empresas chinesas tem sido percebido como bullying, o que impulsionou o apoio interno ao governo.
A palavra chinesa para crise é composta por dois caracteres — um para o perigo e outro para a oportunidade. A capacidade do país de capitalizar com o atual desafio dos EUA irá fortalecê-lo nos próximos anos.
Algo semelhante poderá acontecer fora da China.
Vendo-se reduzidas as oportunidades de acesso a tecnologia a preços baixos, resultante de mão de obra subvalorizada, os restantes países começarão a desenvolver tecnologias nos seus próprios mercados.
Esse desafio “motivador” aplica-se à China mas não aos EUA? Que interesse à China que os países industrializados reforcem parcerias com a India, Vietnam, Indonésia? Ou que a América acorde e retorne produção ao pais? (Afinal todo o talento do mundo aspira viver e estudar na América não na china, sem talento não existe progresso)
Panfletos propagandistas anti Ocidente..
Pessoas que criticam muros e muralhas nos EUA mas elogiam muralhas na China, Israel, India ..
Enfim só não vê quem não sabe ler.
Totalmente de acordo. Este artigo é um pouco como dizer: “O FC Porto, que vê sair grande parte do plantel esta época, ficará mais forte porque terá de se unir mais e desenvolver novos esquemas táticos”.
Isto… basicamente não é nada.
Se havia duvidas de que os eua iriam perder a guerra comercial, ela aqui está preto no branco. O presidente chinês tinha avisado que uma guerra comercial seria facil de perder, portanto o trump foi avisado e nao quis seguir o conselho. Olha que coincidencia, o trump nao seguiu o conselho do chinês, e a May nao seguiu o conselho do trump. Que chatice.
Se alguém ainda tem alguma dúvida sobre a existência de campanhas pagas, orquestradas e controladas pelos gabinetes dos grandes ditadores mundiais, bastaria lêr este tipo de artigos para perceber que esta guerra de amolecer o inimigo com campanhas psicológicas está brava e para durar!
Nem mais. É vergonhoso ver Portugal como o cavalo de Troia da China!
Andas a ver coisa de mais em Troia.
Está guerra comercial foi a melhor coisa que podia acontecer á China e está a demonstrar que os EUA não estavam preparados para ela. Só pedir tréguas na guerra, Trump já chegou a conclusão que estava a perder a guerra. As sanções á Huawei são ineficazes, só vão reforçar a vontade da China e da Huawei de avançarem sozinhos sem qualquer elemento americano nos seus telefones, e os grandes perdedores são as empresas americanas, os EUA ofereceram de mão beijada a indústria de tecnologia á china a muito curto prazo. É como se diz na gíria, foi um autêntico tiro no pé.
……os coaboys nunca se deram com os ares do oriente desde a guerra do Vietname………..por isso mais uma derrota para os states……THE BIG PROBLEM e saber se a Europa não terá de pagar a fatura dessa guerra, por causa da incompetencia dos seus dirigentes políticos, que teem os seus “amigos” ingleses a espera, para lhes fazer a vida negra………
Enfim. Concluo com alguma facilidade que a maioria das criaturas que aqui comentam não compreenderam que esta notícia é assim mas também poderia ser exatamente ao contrário. É tudo hipóteses. E no campo da realidade até ao momento temos quando muito um empate ou até uma ligeira vantagem para os EUA.
A Huawei está encurralada. Ficará sem software nenhum. As empresas americanas (todas) já vieram dizer que deixaram de equipar estes equipamentos. Depois nas tarifas o saldo é positivo para os EUA. De resto qualquer novo cenário seria sempre melhor do que o anterior (tudo entrava nos EUA e para o mercado chinês já não era bem assim). Desse modo concluo que os EUA estão com ligeira vantagem ou no máximo um empate.
No final os grandes perdedores vão ser os Europeus.
Os USA estão na trampa mas têm capacidade de dar a volta. Pode demorar algum tempo, mas a estrutura política, social e mental permitem ter uma capacidade de resposta (vejam o que aconteceu antes da 2 grandes guerras mundiais!).
A China tem um mercado interno muito grande, se se voltar a fechar, só com o mercado dela sobrevive.
Os europeus estão no meio. Infelizmente a realidade política da Europa ira acabar por travar qualquer reação (pois nestas ocasiões alguns ficam a ganhar e outros a perder).
Para Portugal (que é o mexilhão) vai acabar, mais cedo ou mais tarde, por vir a ser uma desgraça…
Quem nos dera a nós crescer ao ritmo que os EUA crescem. Olhe, procure estar mais atento ao mundo. Pode ser que o compreenda melhor.