Os gregos antigos não terão praticado amplamente o infanticídio

(PD) Eugène Delacroix

Quadro de Eugène Delacroix retrata o infanticídio cometido por Medeia, da mitologia grega.

Quadro de Eugène Delacroix retrata o infanticídio cometido por Medeia, da mitologia grega.

Afinal, os gregos antigos talvez não matassem os recém-nascidos com deficiências, ao contrário do que se pensava anteriormente.

Reza a história que os gregos antigos praticavam regularmente o infanticídio, matando bebés fracos, deficientes ou enfermos. Agora, um novo estudo parece vir deitar por terra esta ideia, sugerindo que esta não era uma prática amplamente adotada pelos gregos.

“Este artigo confronta a suposição generalizada de que a deficiência, em qualquer sentido amplo e indefinido, constituía motivo válido para o infanticídio na Grécia antiga”, escreve a autora do artigo científico, Debby Sneed, citada pelo portal Ancient-Origins.

Embora admita que possa ter ocorrido ocasionalmente, Sneed explica que abandonar ou matar crianças com qualquer tipo de deficiência fosse algum comum na altura.

O mito do infanticídio grego vem fundamentalmente da biografia “Vida de Licurgo”, escrita pelo famoso filósofo grego Plutarco por volta de 100 dC.

Plutarco escreveu que os antigos espartanos submetiam os seus filhos recém-nascidos a inspeções perante um conselho de anciãos. Estes decidiam que bebés em forma e fortes teriam permissão para viver, enquanto os outros seriam abandonados.

O filósofo justificou esta prática “com base no facto de que não é melhor para eles nem para a cidade viver a sua vida natural” daquela forma.

Por sua vez, Sneed argumenta que evidências históricas apoiam a sua teoria. Afinal de contas, Plutarco estava a escrever sobre uma época em Esparta 700 anos antes do seu nascimento. As outras obras históricas de Plutarco fazem referência a um rei espartano que nasceu coxo e deficiente, mas provou ser um líder capaz.

Plutarco provavelmente referia-se a Agesilau II, que no início do século IV, tornou-se o rei de Esparta. Nas palavras do filósofo, Agesilau II foi “comandante e rei tão bom quanto qualquer outro de toda a Grécia”, apesar da sua deficiência.

Em 2015, cerca de 400 bebés foram descobertos numa vala comum em Atenas. Quando os restos mortais foram analisados, em 2018, ficou demonstrado que estes bebés não tinham mais do que alguns dias de vida, com padrões consistentes com a alta mortalidade infantil ao invés de infanticídio seletivo.

O artigo científico foi recentemente publicado na revista JSTOR’s Hesperia.

Daniel Costa, ZAP //

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