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Divulgadas gravações que mostram como funcionava a Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental

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A divulgação de uma série de gravações ultrassecretas lança uma nova luz sobre o funcionamento interno da Stasi, a temida polícia da Alemanha Oriental.

As 14 gravações altamente classificadas foram guardadas pela escola de treino de elite da agência, o Instituto de Psicologia Operativa em Potsdam, e “oferecem um raro e sincero vislumbre do coração corrupto” de uma das instituições mais odiadas e temidas do Governo comunista da Alemanha Oriental.

De acordo com o jornal britânico The Times, arquivos sobre o trabalho realizado pela Stasi já estão disponíveis ao público, mas “estas gravações são diferentes“.

As gravações revelam as “metodologias, inseguranças, obsessões, lutas internas pelo poder e, acima de tudo, as piscadelas ideológicas que a cegavam em relação às forças que provocariam o seu eventual colapso”.

Entre as gravações mais perturbadoras está um interrogatório de 1984 de uma jovem mulher com a marca de traidora por pedir permissão para visitar a sua mãe doente na Alemanha Ocidental. A mulher já tinha sido despojada do seu cartão de membro do partido socialista – um “passaporte para segurança e estatuto”, segundo explica o The Times – e perdeu o emprego como professora, tendo de trabalhar como empregada doméstica para sustentar o filho.

Nesse interrogatório, a mulher acabou por ceder e concordou em servir como informante da Stasi em troca de ter permissão para ir ao Ocidente para cuidar da mãe doente. “Fico feliz que não me tenha dececionado”, disse o agente da Stasi. “Deve guardar esta regra na memória: ninguém pode saber que está a trabalhar para nós“.

O lançamento das gravações acontece depois de os arquivos mantidos pela Stasi terem sido publicados num site do Governo alemão em 2015. No entanto, as autoridades não divulgaram publicamente nenhum arquivo de pessoas vivas por motivos de privacidade.

A Stasi “manteve um controlo firme sobre todos os aspetos da vida na Alemanha Oriental”, mas tentaram destruir os seus registros internos quando o Muro de Berlim caiu em 1989. Porém, os arquivos foram salvos por cidadãos da Alemanha Oriental que invadiram os escritórios da Stasi na cidade de Erfurt.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, no início deste ano, investigadores da Stasi Records Agency divulgaram uma análise do vasto arquivo fotográfico da antiga instituição policial, que ilustrava a “paranóia sem limites” do estado sobre os perigos de serem derrubados.

ZAP //

 

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