Saber mais sobre as espécies que recuperaram e quanto tempo a recuperação demorou dá-nos pistas sobre que reação esperar dos animais perante o cenário de alterações climáticas.
Há cerca de 252 milhões de anos, aconteceu o evento de extinção do Permiano-Triássico, também conhecido como a Grande Morte já que quase dizimou toda a vida na Terra.
No entanto, aos poucos as espécies foram recuperando e um novo estudo publicado na Science Advances identificou quais foram as espécies que recuperaram mais rápido. Os animais que se alimentam da matéria orgânica no fundo dos oceanos, como os vermes e os camarões, foram os primeiros a recuperar nos números de população e na biodiversidade, escreve o Science Alert.
Os animais que se alimentam da matéria orgânica suspensa na água foram os próximos, mas já muito tempo depois, de acordo com as datas dos trilhos e das tocas do solo do oceano no sul da China calculadas devido aos vestígios de atividade animal encontrados na zona.
Como estes animais não têm esqueletos que possam ser fossilizados, estes vestígios são vitais para se perceber como estas criaturas vivem. Os investigadores também conseguiram incorporar fósseis no estudo para perceberem como as outras espécies começaram a recuperar.
“A crise do Permiano foi causada pelo aquecimento global e pela acidificação dos oceanos, mas os animais que deixam vestígios podem ter sido selecionados pelo ambiente de uma forma que os organismos com esqueletos não foram”.
“Os nossos dados dos vestígios revelam a resiliência dos animais moles aos níveis altos de CO2 e ao aquecimento. Estes engenheiros dos ecossistemas podem ter tido um papel na recuperação dos bentónicos depois de extinções em massa, potencialmente, por exemplo, incentivando as inovações evolutivas e as radiações no início do período Triássico”, revela a paleoecologista Xueqian Feng.
A equipa teve em conta quatro métricas quando mediu a recuperação das espécies: a diversidade (os tipos diferentes de um animal), a disparidade (quão variados esses tipos são), como o espaço foi usado (utilização do ecoespaço) e como os habitats foram modificados pelos animais (engenharia do ecossistema).
A vida começou a regressar primeiro no fundo dos oceanos. Depois dos vermes e dos animais que se alimentam de matéria orgânica suspensa na água, seguiram-se os corais. Foram precisos cerca de três milhões de anos para os animais moles que vivem nos sedimentos no fundo do mar voltarem aos níveis antes da extinção.
O evento de extinção do Permiano-Triássico matou entre 80% e 90% da vida marinha na Terra. Ao percebermos como certos animais sobreviveram e conseguiram recuperar após esta dizimação, podemos tirar notas sobre como estas criaturas vão reagir ao atual período de aquecimento global e quais serão mais resilientes.