A Infraestruturas de Portugal (IP) assume não ter meios para fazer manutenções recomendáveis para assegurar a total fiabilidade das linhas férreas, por falta de autorização em contratar ou reforçar meios.
A empresa responsável pela gestão da rede ferroviária portuguesa assume não ter meios para fazer manutenções profundas à infraestrutura por falta de autorização em contratar ou reforçar meios necessários.
A admissão da Infraestruturas de Portugal (IP) consta num anexo de um relatório do Gabinete de Prevenção e de Investigação de Acidentes Aéreos e Ferroviários (GPIAAF) sobre o descarrilamento de um comboio na Linha do Douro, em janeiro de 2017. Segundo a empresa, qualquer trabalho extraordinário a que seja obrigada, traduz-se em falhas em outras atividades de monitorização da segurança da ferrovia.
“Qualquer alteração ao roteiro de manutenção em vigor, para deteção de fissuras não detetáveis por inspeção visual, resultará diretamente numa maior afetação de recursos humanos internos que, face ao atual quadro técnico insuficiente, agravado pelas restrições de contratação de recursos humanos impostas pela Tutela, se traduzirá num desfoque de outras atividades mais relevantes para a segurança do sistema”, refere a IP no anexo.
Segundo o Público, a referência a trabalhos extra no relatório não surge por mero a casa, uma vez que na análise ao descarrilamento, o Gabinete de Prevenção e de Investigação de Acidentes Aéreos e Ferroviários sublinha que uma das causas foi, precisamente, “a existência de fissuras” num aparelho de mudança de via (agulha).
O organismo recomendou um maior aprofundamento das operações de manutenção das agulhas à Infraestruturas de Portugal, um tipo de operação que, a ser feito, levará “a desfoque” outras atividades de segurança, por falta de meios.
Apesar do alerta, a IP frisa, contudo, que atualmente o “sistema não apresenta um risco significativo que obrigue à revisão imediata dos procedimentos de inspeção atuais”. No entanto, salienta que uma revisão deste género terá de “ser acompanhada do respetivo reforço de meios e recursos, cuja autorização não depende da IP”.
Quanto à investigação ao descarrilamento, esta concluiu que o mesmo foi provocado por falhas humanas, organizacionais e técnicas, remata o diário.