Governo criou comissão para rever rede de urgências em 2017. Proposta nunca foi concluída

A ideia foi agora recuperada por Marta Temido face à crise nas urgências de ginecologia e obstetrícia.

Em Junho de 2017, quando Adalberto Campos Fernandes ainda era o Ministro da Saúde, o Governo ordenou a criação de uma comissão que ia avaliar o funcionamento dos cuidados de saúde materna e infantil e propor uma nova rede de referenciação.

A proposta deveria ter sido apresentada em Novembro desse ano, mas o trabalho nunca chegou a ser concluído. Agora, a ideia foi recuperada por Marta Temido na procura de respostas para o encerramento das urgências de ginecologia e obstetrícia devido à falta de médicos e a proposta deve ser apresentada num prazo de 180 dias.

O pediatra Gonçalo Cordeiro Ferreira, que coordenou a comissão nomeada em 2017, explica que apenas a parte referente à rede de ginecologia e obstetrícia ficou concluída e que o trabalho que abrangia outras subespecialidades pediátrias era muito complexo.

Mesmo trabalho que já tinha sido feito terá de ser revisto. “Precisamos de números mais actuais [partos e actividade assistencial, recursos humanos, etc.] e de rever o trabalho porque, desde essa altura, três dos hospitais geridos em parceria público-privada (Braga, Vila Franca de Xira e Loures) passaram para a gestão pública e é preciso integrá-los nesta rede”, revela ao Público.

Uma das propostas em cima da mesa é o encerramento de algumas urgências e a concentração dos recursos em menos estabelecimentos. “Fechar uma urgência pode fazer sentido do ponto de vista da segurança, mas não iria aumentar muito o bolo dos especialistas disponíveis. Os recursos são tão escassos que, [mesmo que uma urgência fosse concentrada], isso teria pouco significado”, defende o especialista.

No entanto, esta era uma das soluções defendidas por Marta Temido em 2019. A Ministra queria que as urgências em Lisboa e Vale do Tejo fossem “mais concentradas, mais articuladas” e tivessem um modelo parecido com o do Grande Porto, onde os serviços se concentram no São João e no hospital de Gaia.

ZAP //

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