Golpe à esquerda. Fizeram no MAS “o que não puderam no Bloco” (e a quem o fez no Antifa)

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José Sena Goulão / Lusa

André Pestana, líder do Sindicato de Todos os Professores / STOP

Saída de André Pestana, comunicados divergentes, novo partido: ninguém se entende no MAS. Há um novo “sequestro” na política portuguesa.

O Movimento Alternativa Socialista (MAS) perdeu nesta terça-feira o seu elemento mais mediático dos últimos tempos.

André Pestana, fundador e líder do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.TO.P.) e sindicalista muito presente nos protestos dos professores, saiu do partido.

“Após mais de 10 anos de militância no MAS (Movimento Alternativa Socialista), que ajudei a fundar, verifico hoje que um grupo lançou uma ação destrutiva contra a liderança histórica do partido e contra militantes que têm estado na primeira linha das grandes lutas laborais, o que me leva a concluir, com tristeza, que no momento actual, este já não é o espaço onde me sinto útil para lutar por um país/mundo mais justo, por isso demito-me do MAS”, lê-se no comunicado de Pestana, citado na RTP.

O MAS reagiu no mesmo dia. Num comunicado, lamenta esta decisão mas compreende André Pestana “face à acção destrutiva de um grupo interno do MAS”.

“Essa acção pode resultar no enfraquecimento do partido e, eventualmente, na sua destruição, como instrumento de emancipação da luta dos trabalhadores. Esta demissão do camarada André Pestana é já resultado e consequência dessas acções deste grupo”, continua o comunicado.

A direcção do MAS admite assim que há problemas sérios internos, reforçando a “acção destrutiva” de um grupo (que estará dentro da própria direcção), citada por Pestana.

Mas esta implosão interna também se reflecte nos comunicados: é que há comunicados oficiais que não serão assinados por todos os dirigentes, avisa o Observador. Cada lado com a sua versão diferente dos acontecimentos e ninguém se entende no partido. Já lá vamos.

MUDAR e “sequestro”

Renata Cambra, porta-voz do MAS, apresenta um abaixo-assinado de militantes do MAS. O documento é dirigido a André Pestana, Gil Garcia, João Pascoal e Daniel Martins.

O abaixo-assinado é directo: exige a “devolução imediata de todos os meios da organização (redes sociais, e-mail, zoom, site, conta bancária) e a entrega da ligação do partido ao Tribunal Constitucional”.

Ou seja, está aqui a acusação de que membros que já não estão no MAS controlam os meios do partido, incluindo a conta bancária do MAS.

O partido indicou, noutro comunicado (aparentemente elaborado por outros elementos da direcção), que houve “sequestro de todo o património material, fundos e meios de comunicação” por parte deste grupo: André Pestana, Daniel Martins, Gil Garcia, João Pascoal e Flávio Ferreira.

André Pestana e Gil Garcia, os autointitulados “gestores históricos”, estão a “sequestrar os meios do partido”, escreve Renata, que avisa: “Devolvam-nos o MAS”.

E depois entra outro cenário político nesta “novela”: o novo partido, o MUDAR, que deverá ser criado precisamente pelos elementos que deixaram o MAS e que será liderado por André Pestana.

“Declaramos absoluta determinação em não permitir que os camaradas usem o MAS como barriga de aluguer para a legalização do seu novo sujeito político, o MUDAR”.

E esse novo projecto vai tentar “eleger um deputado à boleia da luta nas escolas“, acrescenta Renata Cambra.

“Tentativa de golpe”

A direcção do MAS – ou parte da direcção do MAS – acusa os cinco nomes já mencionados de “tomar de assalto o aparato do partido”, depois de não terem conseguido convencer a maioria dos membros a formar o MUDAR.

A direcção do MAS – ou parte da direcção do MAS – explica que não denunciou estas “manobras” mais cedo porque tentou um acordo amigável com os “camaradas”.

“No entanto, depois de nos terem dito que chegaríamos hoje (11 de Julho) a um entendimento e que tudo nos seria devolvido, descobrimos que, afinal, tudo não passou de um logro para ganharem tempo e consumarem a sua tentativa de golpe“, lê-se neste comunicado, que assegura que mais de dois terços do partido estão contra este golpe.

A seguir fica-se a saber que este grupo, segundo o comunicado, nunca comunicou ao Tribunal Constitucional a verdadeira direcção eleita no IV Congresso do MAS, há um ano. E agora dizem que os elementos em maioria na direcção “nunca foram sequer eleitos e que até a porta-voz do partido, Renata Cambra, já muitas vezes referida no nosso site e jornal como dirigente nacional do MAS, nunca o foi”.

E, continuando neste esquema de contra-informação, este comunicado assegura que o outro comunicado (já referido neste artigo, que compreende a saída de Pestana) foi publicado pelo “grupo minoritário” que ainda controla os meios de comunicação do partido, “fazendo-se passar pela direcção do MAS” no site.

Estes elementos da direcção vêm “encenação” a saída de André Pestana do MAS, que não revelou os “seus verdadeiros motivos políticos”.

“O golpe que não deram no Bloco”

Voltando à publicação da porta-voz Renata Cambra, os comentários mostram (também aqui) divisão.

Entre as reacções, lê-se um resumo: “O Gil e o Pestana deram o golpe no MAS que foram impedidos de dar no Bloco!

Ou então: “Olha o Pestana a fazer com o MAS o que o MAS fez com o movimento Antifa em Portugal ou com a luta estudantil em Coimbra. Muito triste”.

Noutra perspectiva: “Quando vocês sequestraram a FUA para fazer dela a vossa barriga de aluguer, destruindo o movimento antifa ao mesmo tempo, não só não te indignaste como participaste e apoiaste isso. Agora olha, paciência. Prova dos vossos métodos e sente na pele como é bom”.

Nas últimas eleições, as legislativas do ano passado, o MAS conseguiu

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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5 Comments

  1. Este país é un Circo , cheio de palhaços oportunistas e cómicos . Mas nós o Povo contribuinte pagamos o bilhete bem caro para assistir , além de cómicos a estes tristes espetáculos ! ……

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