Carlos Ghosn poderá ter sido incriminado pelos japoneses, numa tentativa de alavancar a sua capacidade negocial face aos franceses, revela uma fuga de emails entre executivos da Nissan.
O ex-presidente executivo do grupo Renault-Nissan Carlos Ghosn poderá ter sido incriminado pelos japoneses, numa tentativa de alavancar a sua capacidade negocial face aos franceses da Renault. Esta teoria vem a público após a Bloomberg ter tido acesso a uma troca de correspondência interna entre membros da direção da Nissan.
Os executivos japoneses estavam alegadamente preocupados pela vontade de Ghosn em fortalecer a aliança entre as duas fabricantes automóveis. Desta forma, os japoneses terão levado a cabo uma campanha para fazer cair o então líder da aliança, Carlos Ghosn.
Ghosn, de 65 anos, que fugiu para o Líbano em dezembro do ano passado, foi o responsável pela aliança entre a Nissan e a Renault. A fabricante japonesa sempre se opôs à fusão com os franceses, de acordo com o Observador, por ter receio de perder o poder dentro da aliança.
A Nissan afastou Ghosn quando se apercebeu que o franco-brasileiro tinha prestado declarações falsas sobre os rendimentos recebidos. No entanto, quando o CEO japonês, Hiroto Saikawa, fez o mesmo, a empresa perdoou-o.
Nos emails aos quais a Bloomberg teve acesso, um dos executivos da Nissan terá informado o responsável pelas relações governamentais que a Nissan deveria “neutralizar as iniciativas de Ghosn antes que seja demasiado tarde”. Além disso, nas vésperas da detenção de Ghosn, o seu número dois, Hari Nada, aconselhou Saikawa a pedir o fim do acordo com a Renault.
Noutro documento, Hari Nada sugere “alargar as acusações” a Ghosn, “incluindo quebra de confiança”, para que se tornasse mais difícil explicar as declarações de rendimentos inferiores aos valores movimentados.
“Todo este esforço seria acompanhado por uma campanha nos órgãos de informação, como garantia de que a reputação de Ghosn seria completamente destruída”, escreve ainda Nada ao CEO da Nissan.
A Nissan justifica que os testemunhos e documentos divulgados pela Bloomberg são forjados.