A Geórgia junta-se assim à Ucrânia e torna-se o segundo país que pertenceu à União Soviética a desafiar Putin esta semana, ao manifestar interesse em aderir à União Europeia.
Depois do Presidente ucraniano ter feito um pedido formal de adesão à União Europeia, Irakli Garibashvili — que lidera o Sonho Georgiano, partido que está no poder na Geórgia — anunciou na quarta-feira que vai também apresentar um pedido para que a antiga república soviética adira ao bloco europeu já esta quinta-feira, algo que só estava previsto para 2024.
O político referiu numa conferência de imprensa que as estruturas da União Europeia devem considerar a candidatura num contexto de emergência e decidir rapidamente se dão à Geórgia o estatuto de candidato.
Depois do início da guerra na Ucrânia, Irakli Kobakhidze, primeiro-ministro georgiano, tinha afirmado que Kiev tinha o seu apoio, mas tinha afastado a imposição de sanções à Rússia e chutado o pedido de entrada na UE para 2024 por considerar que “uma iniciativa apressada” poderia ser “contraproducente”.
No entanto, o Governo mudou de ideias depois de ser pressionado pela oposição a acelerar o processo. Irakli Garibashvili falou numa “agitação artificial” que foi criada. “Enfatizamos novamente que a imposição de sanções e o envolvimento da Geórgia em qualquer forma de conflito militar terá as piores consequências para o nosso país e para o povo da Geórgia”, alertou.
Esta relutância de Tbilissi explica-se pela enorme dependência económica do país no comércio com os vizinhos russos. De acordo com um relatório publicado pela Transparency International na quarta-feira, a dependência da economia da Geórgia na Rússia aumentou em 2021, passando a ser 6,7% do seu PIB.
A posição do Governo tem suscitado protestos à porta do Parlamento, com os manifestantes a mostrarem o seu apoio à Ucrânia e a exigirem uma postura mais firme do executivo de condenação ao conflito.
Volodymir Zelensky, Presidente da Ucrânia, também convocou para uma reunião o embaixador da Geórgia no país, Igor Dolgov, depois de criticar a “posição imoral” de Tbilissi sobre as sanções à Rússia e também sobre a “criação de obstáculos para os voluntários que nos querem ajudar”.
Recorde-se que, na segunda-feira, alguns voluntários georgianos que estavam num voo patrocinado pelo Governo da Ucrânia acusaram a Geórgia de não os deixar aterrar em Tbilissi.
A Rússia e a Geórgia tem também um historial de conflito semelhante ao que se vive agora na Ucrânia. Em 2008, Moscovo também entrou no país através da Ossétia do Sul, uma região separatista, e até hoje, as tropas russas estão presentes nas autoproclamadas repúblicas independentes da Abecásia e da Ossétia do Sul.
Tal como no caso ucraniano, tensão entre os dois países também se deve à proximidade da Geórgia ao Ocidente, nomeadamente com a possibilidade do país entrar na NATO e na UE.