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Galp avisa Governo que transição energética tem de ser “socialmente justa”

(dr) GALP

Carlos Gomes da Silva, CEO da Galp

A Galp alerta para os efeitos económicos e sociais de eletrificar a economia para cumprir as metas de descarbonização assumidas pelo Governo.

Numa altura em que vários países declararam o estado de emergência climática, a Galp deixou um alerta ao Governo sobre os efeitos económicos de eletrificar a economia para cumprir as metas de descarbonização.

Segundo o jornal Público, a petrolífera liderada por Carlos Gomes da Silva considera que esta estratégia poderá afetar “a viabilidade” da indústria de refinação, a maior exportadora do país e que é “uma parte fundamental da economia”.

O Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC 2050), aprovado em Conselho de Ministros, em julho, quer chegar até 2050 com menos 98% de emissões poluentes no setor dos transportes (que hoje representam 25% do total) e que passa essencialmente pela eletrificação de frotas e pela introdução de tecnologias como o hidrogénio no transporte rodoviário pesado de mercadorias.

Na indústria (responsável por 19%), espera-se também que a eletrificação e o uso crescente da biomassa permita substituir os produtos petrolíferos.

Em declarações ao diário, a petrolífera apela para que este processo de transição seja gradual, chamando ainda a atenção para os efeitos sociais desta mudança.

A empresa defende, por isso, que “uma transição das fontes de energia primária” que seja “economicamente viável e socialmente justa” e que “garanta a segurança de abastecimento sem disrupções “terá sempre de “ser gradual”.

Neste momento, 40% da energia primária consumida em Portugal depende do petróleo e, em 2018, o gasóleo e a gasolina produzidos pela Galp representaram mais de 5% das exportações do país.

Também o expectável crescimento de consumo, nos próximos 20 anos, de combustível de aeronaves e embarcações internacionais iria sofrer o impacto direto destas medidas. A diminuição da produção de refinados, “sem alteração dos perfis de consumo”, resultaria na “necessidade de importação” destes produtos, aumentando também a taxa de dependência energética do país.

A Galp defende que “existem diversas alternativas” que não se limitam “à quase completa eletrificação dos consumos” e nota que a indústria refinadora deveria “poder assumir um papel central na produção de combustíveis líquidos de carbono baixo ou mesmo neutral”, para os quais já está criada toda a rede de abastecimento.

ZAP //

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