Francisco Rodrigues dos Santos, líder da JP, diz que a renovação do CDS-PP vai passar pelas “maçãs sumarentas” que foram semeadas. João Almeida e Filipe Lobo d’Ávila ponderam avançar.
Assunção Cristas sai de cena depois de o CDS-PP ter sido reduzido a pouco mais de 4% nas eleições legislativas do passado domingo e Francisco Rodrigues dos Santos, líder da Juventude Popular, diz agora que a renovação do partido vai passar pelas “maçãs sumarentas” que foram semeadas.
Segundo o Observador, João Almeida e Filipe Lobo d’Ávila apresentam uma moção de estratégia global ao Congresso, na qual pode vir uma candidatura à liderança. Por outro lado, Pedro Mota Soares diz que “não é candidato a nada”, mas há uma outra maçã a fazer-se ouvir: Francisco Rodrigues dos Santos, líder da JP.
Telmo Correia é outro dos nomes que alguns não descartam, devido à “experiência governativa” e por ser, a par de João Almeida, um dos cinco deputados eleitos este domingo. Para alguns, ser deputado é um requisito que muitos apontam como essencial para a próxima liderança.
Numa publicação no Facebook, esta segunda-feira, Francisco Rodrigues dos Santos usou a metáfora das maçãs para, de alguma forma, dizer que está disponível. A metáfora é muito usada no seio do CDS, depois de Adriano Moreira, na despedida do partido, ter dito “vou plantar macieiras”.
“A renovação do partido velho partirá necessariamente dessas maçãs sumarentas”, escreveu o líder da Juventude Popular.
“O Professor Adriano Moreira transmitiu-nos na abertura do último Congresso do CDS, que a liderança já está entregue à geração que recebe a defesa dos valores da democracia-cristã. Agora é preciso olhar para a mudança do mundo e adaptar a intervenção”, lê-se ainda na publicação, onde Francisco Rodrigues dos Santos diz ainda que neste momento “difícil” do partido é preciso “coragem para continuar” e não ter “medo de falhar”.
João Almeida é outro dos nomes apontados, que, ao contrário de Francisco, conseguiu lugar como deputado na Assembleia da República. Em declarações à Rádio Observador, João Almeida mostrou-se “ciente da responsabilidade” que tem neste momento, sobretudo por ser dos poucos que resta na bancada parlamentar e por ser importante para o CDS ter um líder com presença mediática no Parlamento.
O deputado admitiu que essa responsabilidade se vai concretizar, “muito provavelmente”, na apresentação de uma moção global ao Congresso. E, agora, o mais provável é que o faça sob a forma de candidatura.
Telmo Correia é outro nome de que se fala, precisamente por cumprir o requisito de ter um lugar na AR, e por ter um extra: experiência governativa.
Mas quem também tem experiência de Governo é Filipe Lobo d’Ávila, que foi secretário de Estado da Administração Interna de 2011 a 2013. Lobo d´Ávila é um conhecido crítico da liderança de Cristas, integrando mesmo um movimento interno no partido chamado “Juntos pelo Futuro” e tendo deixado o lugar de deputado no Parlamento por não estar alinhado com a direção.
Depois da noite eleitoral de domingo, Lobo d´Ávila escreveu no Facebook que estava em “estado de choque”. “Todos sabemos o que, em político, quer dizer estar em estado de choque”, comentou com o Observador uma fonte do CDS-PP, referindo-se ao que António Guterres disse depois de Jorge Sampaio ter visto, como líder do PS, Cavaco Silva ganhar a segunda maioria absoluta.
Ao Observador, Lobo d’Ávila disse estar em “reflexão”, mas admitiu que tenciona “dar o seu contributo”, que passa nomeadamente por apresentar uma moção global ao congresso que pode ser uma moção “alternativa”.
Já Pedro Mota Soares está fora. O Sol noticiou que o ex-deputado preparava a sucessão, mas a notícia foi desmentida pelo próprio no Facebook. “Não preparo qualquer sucessão”, “não sou candidato a nada”, disse ainda, em declarações ao matutino.
Se for para matar o partido de vez parece-me que qualquer um dos nomes indicadores levará a carta a Garcia
Não sei se o CDS ainda faz sentido – nos moldes em que ainda está…
O CDS vive hoje um dilema importante, uma crise existencial. Eles que se cuidem! Com a entrada de partidos como o “Iniciativa Liberal” e o “Chega”, ambos de direita mais radical, o espaço politico do CDS vai ser disputado e, como outros exemplos á esquerda, pode eclipsar-se… Na esquerda todos nos recordamos do BE, quando apareceu, algo insignificante, mas que hoje invadiu o espaço da CDU (outra que terá que se cuidar) e consegue já ser a 3a força politica. O PAN foi outro, entrou de fininho e passa de 1 para 4 deputados. Já os Verdes vivem o mesmo dilema, ao entrarem na coligação com o PCP há muitos anos, ficaram na sombra e…acabaram “comidos”, ofuscados pelo PCP. Hoje, num tempo em que o ambiente gera cada vez mais incertezas e preocupações, onde é temática de destaque, os Verdes fariam todo o sentido mas, o seu posicionamento e a canibalização que permitiram por parte do PCP, atirou-os para um buraco, agora ocupado pelo PAN. Se calhar é hora de se renovarem, de mandarem a coligação ás urtigas e começarem a aparecer com mais acutilância, com o seu próprio nome (Verdes)…