Bancos pequenos vs. grandes: o impacto da fuga aos depósitos é (muito) diferente

Apesar da perda de 7.4 mil milhões de euros só em três meses, os maiores bancos em Portugal continuam confortáveis.

Os números de 2023 não enganam: os portugueses estão a desistir de depósitos nos bancos e preferem os Certificados de Aforro.

As taxas de juro nos empréstimos (normalmente para compra da casa) têm atingido valores recorde, mas os juros nos depósitos (pagar ao cliente) não acompanham essa tendência.

Com percentagens maiores – no geral – em Certificados de Aforro, os portugueses apostam mais nesse método, colocando mais de 9 mil milhões de euros das suas poupanças em Certificados de Aforro entre Janeiro e Março deste ano – 60 vezes mais do que no primeiro trimestre do ano passado.

Para isso, tiram dinheiro do banco, com números recorde: 14.4 mil milhões de euros retirados só no primeiro trimestre. É quase 5% do valor total e maior “fuga aos bancos” em tão pouco tempo, em Portugal.

As contas do ECO indicam que, só entre Janeiro e Março deste ano, saíram 7.4 mil milhões de euros dos cinco maiores bancos que operam em Portugal: Caixa Geral de Depósitos, BCP, Santander Totta, Novo Banco e BPI.

Este último, o BPI, foi o que registou a maior queda: quase 2 mil milhões de euros, uma quebra de 6,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

“Um terço, no caso dos particulares, explica-se com aplicações noutros produtos do banco e outra parte saiu para os Certificados de Aforro”, explicou João Pedro Oliveira e Costa, director-executivo do BPI.

Mas esta retirada de dinheiro dos depósitos não preocupa muito os grandes bancos. Pelo menos, para já.

O rácio de transformação de depósitos em crédito, no primeiro trimestre, era de 88%. Ou seja, por cada 100 euros que captam em depósitos, os bancos emprestam 88 euros. Número que entra na média dos últimos anos.

Os grandes bancos estão confortáveis, aparentemente.

Assim sendo, o maior impacto não é em nenhum dos maiores bancos; é nos bancos de menor dimensão.

A descida dos 7 mil milhões de euros restantes, entre Janeiro e Março, representa uma quebra de 7,5%. Esta percentagem é mais do dobro da queda dos cinco maiores bancos.

Números que surgem numa fase em que são precisamente os bancos mais pequenos a apresentarem (primeiro) ofertas mais atraentes para o cliente, no que diz respeito aos juros dos depósitos.

Mas o economista António Nogueira Leite consegue perceber esta queda: “Os investidores associam mais risco aos bancos mais pequenos”.

Além disso, os clientes dos bancos, sobretudo os mais velhos, hesitam muito no momento de tirar as suas poupanças do seu banco “eterno” para outro banco que esteja a pagar mais pelos depósitos.

ZAP //

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