O Ministério do Interior de França informou esta sexta-feira que está a avaliar vias jurídicas para proibir os espetáculos do humorista Dieudonné pelo seu caráter racista, que considera envolver “risco de desordens públicas”.
Num comunicado, o Ministério dirigido por Manuel Valls afirmou estar a analisar “de forma profunda todas as vias jurídicas que permitam proibir” os espetáculos de Dieudonné M’bala M’bala, os quais “não têm uma dimensão criativa, contribuindo antes, a cada nova representação, para aumentar o risco de desordens públicas”.
A iniciativa do ministério foi anunciada depois de o humorista, condenado várias vezes no passado por declarações racistas e antissemitas, ter visado alguns jornalistas com afirmações do mesmo género no espetáculo que apresenta no seu próprio teatro, no sul de Paris.
Um dos visados foi Patrick Cohen, apresentador de um programa matinal na rádio France Inter, sobre quem o humorista disse que “não teria tempo nem para fazer as malas se as coisas mudassem” e que, sempre que ouve o seu nome, “lamenta” que não haja câmaras de gás.
“Declaração após declaração (…), ataca de forma evidente e insuportável a memória das vítimas do Holocausto”, lê-se no comunicado do Ministério do Interior.
Dieudonné foi condenado em finais de novembro ao pagamento de uma multa de 28.000 euros por difamação, injúria e incitamento ao ódio e à discriminação racial por uma canção que divulgou na internet em que troçava das vítimas do Holocausto.
O humorista suscitou outra polémica ao criar e popularizar um gesto, a que chamou “la quenelle“, semelhante à saudação nazi.
Dieudonné tem bastante êxito na internet, onde o seu canal no YouTube conta com quase 200.000 seguidores e alguns dos seus vídeos foram vistos mais de dois milhões de vezes.
/Lusa