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França não sobe impostos à boleia da pandemia. Pagará a dívida mais tarde

worldbank / Flickr

Bruno Le Maire, ministro das Finanças francês

O ministro das Finanças francês revelou esta segunda-feira que o Governo não aumentará os impostos para responder à acentuada subida das despesas públicas devido à crise e referiu que a dívida gerada será paga mais tarde.

Numa entrevista à rádio “France Info”,  Bruno Le Maire, insistiu no facto de que a dívida gerada será paga, “mas mais tarde” e graças “ao crescimento futuro da atividade” económica. Le Maire disse ainda que aumentar os impostos é recorrer a uma “solução fácil”, repetindo que o Governo francês “não quer fazê-lo”.

Sobre esta matéria, explicou que não restabelecerá o Imposto sobre a Fortuna (ISF), que foi eliminado pelo presidente Emmanuel Macron no início do seu mandato e que é pedido por alguns, sobretudo à esquerda.

O ISF, que abrangia património acima de 1,3 milhões de euros, foi substituído pelo Imposto sobre a Fortuna (IFI), pago apenas por aqueles cujos ativos imobiliários têm um valor superior a 1,3 milhão de euros.

O ministro afirmou ainda que as outras reformas fiscais realizadas por Macron também não vão ser revertidas, em particular a redução dos impostos sobre o capital, pois entende “deram resultados”.

Questionado sobre a possibilidade de anular a dívida gerada para enfrentar o impacto da crise provocada pelo novo coronavírus, o ministro respondeu que isso não será feito, que “a dívida terá que ser paga”, mas numa primeira fase, não de imediato, uma vez que “a prioridade absoluta” é relançar a economia e o emprego.

Mais tarde chegará o momento de reembolsar a dívida” e isso será feito com “o crescimento”, salientou, sem referir prazos.

Economia francesa “tem forças consideráveis”

No entanto, realçou que a agência de ‘rating’ Fitch alterou a perspetiva, mas não baixou a notação da dívida soberana francesa, que permanece “AA”, lembrando que a agência norte-americana considerou que a economia francesa “tem forças consideráveis”.

O ministro francês disse ainda que está a preparar os planos de apoio para os dois setores mais atingidos pela crise, o automóvel e a aviação. O primeiro plano será apresentado dentro de quinze dias e o segundo antes de julho.

Dados divulgados na passada sexta-feira pelo Eurostat mostram que Alemanha, França e Itália já entraram em recessão técnica por causa da pandemia. As três maiores economias europeias registaram dois trimestres consecutivos de contração económica.

Em média, a economia da Zona Euro recuou, no primeiro trimestre do ano, 3,2% em termos homólogos e 3,8% em cadeia, as maiores quebras desde 1995 e 2009, respetivamente, segundo a estimativa divulgada pelo Eurostat.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 313.500 mortos e infetou mais de 4,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios. Mais de 1,6 milhões de doentes foram considerados curados.

ZAP // Lusa

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