Após quatro anos de escavações no castro de São João das Arribas, em Miranda do Douro, os arqueólogos descobriram estruturas e objetos que situam a ocupação da fortaleza entre os séculos III e IX.
A ocupação do castro de São João das Arribas, em Miranda do Douro, situa-se entre a antiguidade tardia e a Alta Idade Média, disse a arqueóloga Mónica Salgado à Agência Lusa. “Neste último ano, fomos surpreendidos com o aparecimento de uma muralha com uma arquitetura diferente, que poderá ser um campo de pedras fincadas”, explicou.
Segundo a investigadora, os campos de pedras fincadas postos a descoberto são características defensivas do período proto-histórico — da Idade do Ferro.
“Esta área, onde se encontra a muralha de pedras fincadas, começou a ser estudada no último ano. Provavelmente, não vamos conseguir compreender na totalidade esta estrutura defensiva. Terá, assim, de ficar para trabalhos futuros”, disse a arqueóloga.
As escavações decorreram por entre pequenos montes e giestas e outros arbustos da flora autóctone do Parque Natural do Douro Internacional. A equipa de arqueólogos e um conjunto de voluntários tentaram perceber a importância histórica e arqueológica do sítio classificado em 1910 como monumento nacional.
Neste campo arqueológico participaram jovens voluntários vindos de diversos países, que demonstraram vontade em conhecer a história do local e os usos e costumes das terras de Miranda.
Gaelle Carvalho, da Palombar — associação que promove o património rural e parceira nas escavações de São João das Arribas —, disse à Lusa que os jovens estrangeiros se mostraram satisfeitos por contribuir para a preservação do património arqueológico.
“O desenvolvimento de técnicas a nível profissional é outra da vertentes escolhidas pelos jovens”, explicou a responsável. Francisco Conde, voluntário oriundo de Espanha, adiantou que quis complementar os seus estudos em arqueologia e conhecer o período histórico da Alta Idade Média.
A partir de 2021, os arqueólogos vão voltar ao trabalho para tentar compreender melhor o lugar emblemático. “Vamos entregar um relatório final destas campanhas desenvolvidas ao longo de quatro anos e vamos estudar o espólio cerâmico. Após a conclusão dos estudos, iniciaremos uma outra campanha de escavações”, frisou a investigadora.
Os trabalhos no distrito de Bragança tiveram início em 2014 e, após os estudos do sítio arqueológico, vai existir uma musealização de tudo o que foi encontrado no castro de São João das Arribas.
Bom trabalho! Os arqueólogos, se lhes fossem proporcionados os meios necessários, teriam muito que fazer em Portugal.