Descoberta a “fonte da juventude” da formiga-rainha

L. Shyamal / Wikimedia

Harpegnathos saltator

Uma equipa de investigadores acredita ter descoberto a “fonte da juventude” das formigas-rainhas. O segredo está relacionado com uma proteína anti-insulina.

Nas formigas Harpegnathos saltator, uma espécie de formiga nativa da Índia, as rainhas normalmente vivem até cinco anos, enquanto as operárias vivem por apenas sete meses.

No caso de outras espécies, as formigas-rainhas, as únicas numa colónia que conseguem pôr ovos, também podem viver durante décadas – até dez vezes mais do que as operárias. O porquê foi algo que os cientistas nunca conseguiram perceber.

Agora, um novo estudo recentemente publicado na revista Science, propõe uma explicação: a via de sinalização da insulina das formigas reprodutivas difere daquela das operárias de uma forma que atrasa o envelhecimento.

Basicamente, os resultados do estudo mostram que as formigas-rainhas exibem alto metabolismo para reprodução sem passar pelo envelhecimento. Isto porque estas formigas geram uma proteína anti-insulina que bloqueia apenas parte da via da insulina que é responsável pelo envelhecimento.

A análise a formigas da ordem Hymenoptera mostrou que dois peptídeos semelhantes à insulina (ILPs), um homólogo da insulina (Ins) e um homólogo do fator de crescimento semelhante à insulina estavam presentes em quase todas as espécies, mas em níveis diferentes. Os ILPs eram mais abundantes nas formigas-rainhas em relação às formigas operárias.

Isto não é propriamente surpreendente, visto que a insulina aumenta o apetite delas, permitindo que gerem gorduras suficientes para a formação dos ovos.

O que intrigou a equipa de cientistas foi como isso pode estar associado à longevidade das formigas reprodutoras, já que o aumento da sinalização de insulina também induz o envelhecimento celular.

“O que acontece é que essa anti-insulina impede a ativação da parte da via que leva ao envelhecimento sem afetar a parte da via que leva à formação de lípidos”, explica o coautor do estudo Claude Desplan, neurobiólogo da Universidade de Nova Iorque, citado pela revista The Scientist.

Vikram Chandra, estudante de pós-doutoramento na Universidade de Harvard, que não participou no estudo, sugere que os resultados são encorajadores, mas “é muito cedo para saber se esta é realmente a explicação de como as formigas reprodutivas vivem vidas tão longas”.

Desplan discorda. O investigador garante que a anti-insulina previne o envelhecimento, como mostrado pela ausência de marcadores moleculares para o envelhecimento nos tecidos das formigas.

“Está claro que, de facto, as formigas encontraram uma maneira de basicamente manter uma produtividade muito, muito alta e, ao mesmo tempo, longevidade”, disse o coautor à The Scientist.

Daniel Costa, ZAP //

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